”Pois quem é rico de coração pode dar com abundância como fez Maria, irmã de Lázaro, sem perder algo do seu tesouro”
“De olhos fixos em Mim, ela penetra o salão sem se preocupar com os presentes, e tomando de um arrátel de nardo precioso, unge os Meus Pés.” O aroma se espalha por todo o recinto e Judas balbucia ser tal atitude dispensável por ser Ele Quem era, podendo refrescar-Se a qualquer momento. Era o espírito da avareza que sempre o dominou. Não ocorrera ali uma simples unção, como tantas outras, mas algo que envolveu não só esta Terra, mas todo o Universo. “Maria, ungindo-Me os Pés não fortaleceu propriamente o Meu Corpo, mas a Minha Alma” dando-Lhe a Força necessária para o dia do Sepultamento; Eu tinha que vencer a pior prova, e Maria foi o ponto central porque “quando recebo tanto amor de alguém retribuirei à Humanidade”. Por isto sua atitude é de importância diversa de Maria Magdalena, pois foi Maria de Bethânia “quem Me amou com sentimento puro, não havendo atração à Minha Pessoa Física”.
Caros irmãos: Jesus advertia aos Discípulos constantemente que não se aborrecessem quando ouvissem dizer que Ele fora preso e condenado; sabia que o Seu Martírio causaria escândalo a muitos e até mesmo o enfraquecimento da Fé em Sua Palavras. – “Oh Jesus, por que? Por que permitistes que tal acontecesse, Tu, o Puro, o Divino sobre a Terra! Por que?” Quem poderá nos responder, senão Ele Mesmo? Tanto que pedia que O deixassem a Sós; Quem poderia ajudá-Lo encontrava-Se dentro D’Ele, o Pai, que foi e é o Seu Amor Eterno. Tudo o que até então fora dito e escrito relacionam-se tão somente com fatos externos, visíveis na Terra! Falta uma outra parte: O GÓLGOTA ESPIRITUAL! Foi aí que Ele recomendou que não falássemos tanto de Sua Morte, mas do Seu Espírito, “foi Ele Quem deu-Me a Força para vencer, transformando aquele local de suplício em um pedaço do Céu”, afirmando haver sido muito mais feliz na Cruz do que quando projetou a Grande Criação como Juiz Implacável; “no Gólgota já Me sentia como Pai dos Meus filhos”.
Caro irmão, não te é possível projetares-te na Esfera Espiritual do Nosso Mestre e Salvador? Só assim estaremos livres de todos os sofrimentos e desejos humanos, porque a Sua Pessoa Física foi apenas o ponto vital externo de Sua Natureza Divina, como Personificação do Pai. Analisemos Sua Vinda e Morte sob esse aspecto, as tristezas se dissiparão não havendo em nós o caos da Sua Paixão.
Se Ele houvesse considerado apenas os Seus Próprios Desejos, estaríamos sem esperança, sem arrimo para uma vida feliz aqui, e muito mais no Além. O Seu Espírito é o Vencedor, é a grande e Sublime Herança que nos deixou; é o Consolador Prometido, que não poderá ser Outro senão Jesus Mesmo, que é o Início e o Fim de tudo. O seu corpo só teve uma finalidade: ocultar o Espírito que N’Ele habitava, assim como o nosso corpo oculta um espírito.
O Gólgota não é o lugar do julgamento, ódio e vingança, mas nos convida ao silêncio interior para que o nosso espírito possa descobrir e analisar o seu próprio ser e a sua perfeita Imagem e Semelhança de Deus.
E o que teria ocorrido enquanto o Seu Corpo repousava no sepulcro, que foi a mais profunda descida da Divindade à matéria, ou inferno, como queiramos? A Luz Original, o Cristo teve que suportar ao mais profundo obscurecimento, simbolizado por aqueles 3 dias em que a Sua Alma foi ao encontro de todas as almas que viveram antes D’Ele, libertando-as da Lei antiga, da Sabedoria julgadora e conduzi-las à nova vida que estava se iniciando em todo o Universo pela re-união de Pai e Filho em Jesus, e dessa re-ligação surgiu a Misericórdia.
Consta que após a Sua Morte na Cruz ocorreu uma treva total, a Luz de todos os sóis do Infinito se apagaram. Logicamente não se trata de trevas materiais, mas um obscurecimento interno, onde tudo e todos os seres sentiam que perderam algo, e mesmo os que exigiram o Seu Martírio estavam infelizes e cientes de que perderam um Grande Amigo.
Se assimilarmos no coração todas essas considerações trazidas por Ele Mesmo, o Martirizado, passaremos a viver através do Espírito do Gólgota, e nada tocará neste Santuário Divino, Vital, onde Ele vive, e vosso espírito melhor sentirá a sua gratidão pela Glória Divina que Se manifestou no Gólgota.
Com a Morte de Jesus abriu-Se o Caminho também para o Grande Arcanjo, Lúcifer, que decide por retornar à Casa Paterna, alegrando o Coração de Jesus vendo o resultado promissor de Sua Semeadura, Seu Esforço e Martírio deliberado.
Amém! Amém!
Fraternalmente,
Thalízia dos Reis