“Senhor, por que permites tantas adversidades em um planeta como a Terra? E a voracidade dos animais, não embrutece o coração e a alma do homem? Qual a finalidade da luta em a natureza, onde impera a lei do mais forte?” Diz Ele: “Para que a alma atinja a finalidade prevista por Mim, terá que ser concatenada de inúmeras partículas dos Reinos da Natureza, passando a constituir um conglomerado altamente potencializado de minerais, vegetais e animais”.

Este fato já era do conhecimento dos sábios da antiguidade e o denominavam de Metempsicose, a transmigração das almas de um corpo para outro corpo. Tal ciência pura, pouco a pouco foi sendo deturpada pelos doutrinadores e posteriores sacerdotes ambiciosos, uma vez que a Verdade não lhes trazia lucros e juros. Impressionavam o povo dizendo voltarem as almas humanas ao animal, sofrendo dores atrozes, só amenizadas por sacrifícios e grandes oferendas. Como podia o povo deixar-se enganar tão facilmente? Nada mais fácil; os verdadeiros sábios desapareceram do palco da vida, surgindo os feiticeiros e adivinhos, positivando seus falsos milagres por elementos inferiores, e o povo os aceitaram como provas divinas. Não se repetem hoje os mesmos abusos, desviando as almas do Plano traçado em definitivo por Deus para a sua salvação, através da emancipação do espírito? 

Muitos indagam se alma e espírito não são uma só coisa. Evidentemente que não; a alma, de origem material, está à espera de salvação não podendo ver, analisar e compreender nada mais além de si própria. Como um compêndio de partículas, cada partícula é uma Idéia de Deus, cada Idéia uma Inteligência e cada Inteligência uma tendência negativa. Não é ela a vida de Deus, apenas o seu invólucro! A vida reside no espírito que D’Ele emana como princípio penetrante de tudo que existe. Quando esse espírito reconhece que possui uma grande dívida a saldar com o Santo Pai (dívida de gratidão), sua primeira iniciativa é criar para si uma alma. E quem poderá dizer quando foi que o nosso espírito iniciou a sua caminhada dentro de uma alma, e esta, dentro de um corpo? Mathael surpreendeu-se quando Jesus lhe disse ser sua alma mais velha do que a própria Eternidade!

A indagação persiste: “o que era eu e onde me encontrava antes de minha concepção, do nascimento? Já existia alhures? Por que a minha alma não guarda recordação?” 
Deus age mui sabiamente em não permitir que tenhamos consciência dos estados primitivos e grosseiros sob formas diversas. Desprovida dessa recordação, com facilidade recaímos nos vícios e paixões ocultos na alma! De posse da mesma viveríamos quais animais ferozes, à semelhança dos suínos que devoram os próprios filhos quando sentem fome. Por acaso nossos olhos conseguem visualizar as gotas d’água que formam o Grande Oceano? 

Se bem que as formas grosseiras se devorem, muitas almas se libertam, e as afins se unem para um grau mais elevado em novas formas até chegar ao homem. Que fascinante esse intercâmbio de vida dentro do grande ciclo dos seres, desde o inseto ao homem, do átomo até o Sol! A ciência diz que as partículas elementares se decompõem nas mais leves. A Nova Revelação diz o mesmo com outras palavras: “o mais grosseiro se decompõe em algo mais fino, assim como uma onda se dissolve na seguinte!” A Teoria “Evolução dos seres por via natural de seleção” de Darwin, aceita por uns, rejeitada por outros, não afirma ter o homem sua origem no macaco! De uma só alma animal não surgirá uma alma humana, uma vez que as partículas existentes na alma humana são as mesmas existentes na pedra, no vegetal e animal. Diferenciam-se quantidades e não qualidades. Quando morre o macaco, o boi, ou outro animal qualquer, diz-se que sua alma morre com o corpo. Surgem partículas inteligenciadas que se agregam a outros compêndios, desenvolvendo sempre inteligências cada vez maiores. 

O nosso Pai quer que nos tornemos adultos na Sua Doutrina, conhecedores de Suas Obras, para não cairmos nas místicas e superstições. Como entender a constituição da alma humana, sua evolução anímica? Vejamos o seguinte exemplo: “Observemos um exímio ferreiro de cadeias aprontando elos isolados”. Para que? Simples distração? Logicamente, não; dentro das regras de sua profissão irá uni-los obtendo uma sólida corrente! Da mesma forma os períodos longos, insípidos, que a nossa alma passou isolada dentro dos Reinos da Natureza são aqueles elos sólidos com os quais o Construtor Único irá uni-los para a formação da grande corrente da qual somos, de um lado, o término da Criação material, a Obra Prima de Deus, Sua Imagem e Semelhança, e por outro, o início da vida espiritual, eterna e bem-aventurada. O espírito é a Argamassa que irá unir, consolidar, fazer a fusão das partículas grosseiras, tornando-as capacitadas a alcançarem aquela clareza que tudo recorda, através da análise própria, percebendo Amor e Sabedoria infinitos do Grande Mestre, tornando-se cheia de grande e eterna admiração. Então, a recordação por todos exigida se tornará de utilidade eterna para a vida do espírito!

Antes da fusão da alma com o espírito do Amor Divino ela não suportará a recordação de todos os seus estados anteriores, seria dissolvida como uma gota d’água em chapa incandescente. “Procura”, diz Rafael, “unificar-te com a Vontade do Senhor, torna-te tu mesmo construtor perfeito de ti, então curvar-te-ás diante da Supremacia do Amor de Deus que não desconsiderou o menor átomo, para posteriormente uni-lo em uma Obra maravilhosa e de durabilidade eterna!” Amém! Amém!

Voltaremos ao assunto devido à sua vastidão!

 

Gratíssimos,
Thalízia dos Reis