“Eu e o Pai somos Um!” Irritados, os judeus quiseram apedrejá-Lo. “Tenho realizado inúmeras obras, por qual delas Me apedrejais?” – “Sendo homem, Te fazes Deus a Ti Mesmo!”, responderam-Lhe. “E se Eu vos disser que vós também sois deuses, à medida que palmilhardes pelos Meus Caminhos?”
Se todos se destinam a deuses, não poderia surgir um conflito entre deuses? – Quem seria o vencedor? Se o espírito se apossa da Verdade Perfeita de Deus, como poderá se insurgir contra a Mesma? Se tal ocorresse entrará em luta consigo mesmo, prejudicando a si próprio. Por acaso dois matemáticos entrarão em conflito porque dentro do sistema numérico dois mais dois são quatro? Neste ponto estão concordes, reconhecendo este resultado para o seu próprio benefício. Portanto, a possibilidade de um conflito entre deuses é inexistente no Verdadeiro Reino de Deus, ocorrendo apenas entre criaturas materialistas e incultas. “Compenetradas da mesma Verdade, do Mesmo Pai, as almas perfeitas se insuflam na Luz do Seu Amor para Comigo e ao próximo.” – Só existe um Deus Verdadeiro, Eterno e Imutável, sem o Qual não existiriam outros seres, por sermos os Seus Reflexos Vivos.
Quando a alma alcança um certo grau de maturação, o espírito a penetra, tornando-nos novas criaturas, porque no espírito humano existem, em proporções diminutas, tudo o que existe em Deus em proporções ilimitadas. O espírito tem a sua origem no Coração do Pai, se é que se pode falar da origem do espírito. Somos a Coroação de Suas Idéias e Pensamentos grandiosos, e a Terra é o Berço para a geração dos Seus filhos, embora a sua supremacia moral diante dos demais mundos não seja aceita por muitos. Ele Mesmo fez esta distinção quando afirma que diante do Seu Nome todos terão que se curvar no Céu, na Terra e debaixo da Terra! Esses habitantes de outros mundos são formados para aquilo que devem ser! Uma Ordem inversa ocorre com os terráqueos, onde a alma constrói o seu próprio corpo. A alma é obra do espírito dentro dela.
“Muitos indagam por que escolhi a Terra para geração dos Meus filhos! Por ser ela a mais afastada, podendo tornar-se a mais próxima. Trajei com a veste da mais profunda humildade para que toda a Criação pudesse de Mim se aproximar.” Sua Encarnação foi divulgada pelos espíritos celestes em todos os planetas habitados por seres racionais em forma humana. Conhecendo o Senhor a natureza de cada mundo no Espaço Infinito, sabe se um espírito se presta para uma encarnação aqui. Necessário se faz um longo preparo e uma profunda transformação, existindo seres surgidos dos mais variados órgãos do Grande Homem Cósmico. Seres surgidos da sua cabeça, braços, vísceras, e os surgidos do Coração que somos nós, por isto O amamos e O reconhecemos como Pai. É uma supremacia moral diante dos demais seres dos infinitos mundos. Os Salmos de David são clamores do espírito humano pela Sua Presença. “Assim como o cervo brame pelas correntezas das águas, assim minha alma suspira por Ti!”
Pedro diz a um habitante solar que a sua existência é muito cômoda, não se prestando para o Renascimento espiritual! “Desconheceis o sofrimento, o cansaço, a imperfeição, bem assim a renúncia e a humildade. Sabeis que sois obra do Espírito mais Sábio e Perfeito, mas viveis independentes D’Ele, agradecendo tão somente pelas dádivas da existência, mas sois incapazes de formulardes um pedido. Por que não juntais à gratidão o pedido de poderdes sempre contar com Ele?” O espírito se apossa da sua liberdade não apenas pelo reconhecimento das dádivas, mas ele se torna um filho do Seu Amor, reconhecendo possuir outras necessidades. Para tanto se fazem necessários uma pesquisa e um conhecimento mais profundos de nós mesmos.
Os irracionais instintivamente agradecem ao Doador pelo alimento, embora não O reconheçam. Saciados, descansam até uma nova necessidade; esse descanso é uma gratidão silenciosa. Mas eles não possuem outras necessidades além da fome. Se a gratidão é um privilégio, o pedido é superior porque nos dá o direito à livre escolha da dádiva. Por que rejeitam o pedido? Julgam ser uma ofensa à Sabedoria e Onipotência Divinas, isto porque ignoram que a oração, os pedidos, são normas para levarem o espírito humano à Paciência, Humildade, Brandura. “Felizes os que sofrem a demora de Deus!”
O Senhor não nos deixou normas de gratidão, se bem que Ele Mesmo agradece à Divindade latente em Seu Coração e criticou uma única vez os nove homens purificados pela lepra, por não seguirem o décimo que voltou para agradecer-Lhe. Deixou-nos, sim, normas de pedido, quando um dia os Discípulos pedem: “Senhor, ensina-nos a orar?” – “Nosso Pai, que habitas nos Céus, Teu Santo Nome seja louvado! Teu Reino do Amor, da Verdade e da Vida Eterna venha a nós. Tua Santa Vontade se faça por todos os tempos. Dá-nos o pão de cada dia. Perdoa os nossos pecados e fraquezas como perdoamos aos nossos devedores. Não nos deixe cair em tentação, mas liberta-nos de todo mal, que porventura venhamos a enfrentar. Teu, ó Pai, é todo o Poder, Força e Glória eternamente. A Ti compete toda Honra, Glória, todo Amor, Louvor e gratidão.”
É Ele Fiel em Suas Promessas? Questiona o habitante solar. A quem promete riqueza, dá pobreza. A quem promete saúde, dá doença! Promete liberdade e lança no cárcere. A quem Ele ama, deixa que sofra todas as atribulações e os fiéis deixa passar miséria. Meus caros, como contestar humanamente aquele habitante solar? Ocorre que as Suas Palavras são Verdade e Vida, não tocam à carne, apenas ao espírito. Vejamos esta Parábola: “O Senhor construirá uma nova Casa, e uma Cidade Nova descerá dos Céus para junto dos homens. Os que habitarem a Nova Casa, bem assim a Cidade e Suas moradias, serão maiores do que tudo isto que se curvará diante dele! E o Senhor agraciará com a Veste Nupcial os que penetrarem todo este complexo. A casa é menor do que os seus habitantes”. Qual o sentido verdadeiro da Parábola? Que benefício teria o nosso espírito com palavras puramente materiais? Ele não nos dá promessas vãs, mas carregadas do divinamente espiritual. – Eis o sentido Real: A Casa Nova é o Seu Verbo, a Nova Revelação do Pai em Jesus. A Cidade é Ele Mesmo Junto dos Seus filhos, construindo em seus corações Sua Morada Eterna. Assim, Céus e terras curvar-se-ão diante de nós. A casa tão pequena por fora, mas tão grande por dentro é a Sua Palavra, externamente pequena, mas traz no Seu interior a Sabedoria Divina que o espírito humano não pode abarcar, mas pode penetrá-La, adquirindo noções cada vez mais profundas acerca do Reino de Deus. Amém! Amém!
Fraternalmente,
Thalízia Reis