Madalena foi a primeira a vê-Lo, e a ocorrência se deu tal qual relata João. Ela se dirige bem cedo para o sepulcro desejando untar mais uma vez o Seu Corpo com ungüento aromático. O sepulcro estava vazio, quem O roubara? A dor cega-lhe a visão do coração, por isto não O reconhece quando a chama: “MARIA!” – “Senhor, se tu O levaste, dize-me para onde, irei buscá-Lo.” Fitando-O mais profundamente vê Quem era, atira-se em Seus Braços dizendo: “Rabi!” – Ele pronuncia a célebre frase: “Não Me Toques” – Por que? “O amor de Madalena, ainda impuro para Comigo, não suportaria tocar o Meu Ser Puramente Espiritual.” Quem O amava com sentimento puro foi Maria, irmã de Lázaro, por haver se transportado à Sua Esfera Espiritual, descobrindo em Jesus, o Pai Bondoso e Acolhedor, dedicando-Lhe o mais puro e sublime de todos os sentimentos: “O AMOR FILIAL”. Assim Ele quer ser amado e adorado pelos seus filhos. Por isto a unção de Maria, irmã de Lázaro, é de importância diversa a de Maria Madalena. Aquela teve o privilégio de “Me proporcionar a necessária Força para o dia do Meu Sepultamento, necessário para que a Minha Alma pudesse vencer a pior prova. Onde se oferta tanto amor, Eu o retribuo à Humanidade”. A missão de anunciar ao mundo a Sua Ressurreição coube à Madalena para soerguê-la na Fé e Confiança.

Todos se sentiam profundamente abatidos com o Seu Passamento; pobres e doentes perderam o Seu Salvador, e o Mestre fazia falta até para aqueles que não O aceitaram integralmente, e os Seus inimigos sentiam que haviam perdido um Amigo.

Maria procura os irmãos com a alvissareira notícia que a tumba estava vazia. “Ele vive! Ele vive!” Quem, meus irmãos, deu ao mundo notícia maior do que a ex-pecadora de Magdala? A nossa Terra, por Ele escolhida para palco de Suas Misericórdia, nunca fôra tão agraciada como naqueles dias em que a Glória Divina Se manifestou no Gólgota.

Não foram os milagres que provaram ser Ele o Senhor Único, o Cristo, mas a Sua Morte na Cruz, onde Me senti mais Feliz do que, como Juiz Implacável, projetei a Grande Criação. No Gólgota, sentia-Me como Pai dos Meus Filhos. Se bem que realizasse milagres, proferisse Palavras Santas, Indestrutíveis, conseguia fazer apenas que o mundo se empolgasse. Era preciso algo mais, algo que ultrapasse todas as Suas Ações, que não deixasse margens para que duvidassem do Seu Amor Misericordioso e Sua Vida Espiritual. A Ressurreição foi a pedra final para que a Sua Divindade Se confirmasse. Sem Ela, a Sua Doutrina e Ações estariam esquecidas, os Discípulos se dispersariam retornando aos seus afazeres. Hoje, podemos assimilar o sentido mais profundo de Sua Vinda, Vida, Morte e Ressurreição.

Com a queda de Lúcifer – que hoje não mais é irreverente à Sua Ordem – uma legião de espíritos posteriormente encarnados tomaram uma direção, impossibilitando-os de um retorno ao Seio do Pai! Deus, porém, não quer ser apenas Criador, mas Pai dos Seus Filhos transviados, porque dentro de Sua Ordem Eterna e Imutável, a formação de Um Só Rebanho e Um Só Pastor, é uma evidência. Surge o grande dilema para a Divindade: achar um caminho viável e dentro do livre arbítrio para os mais renegados. Acaso seria justo condenar o Grande Arcanjo e seus afins? Mereciam o extermínio se a queda se dera por engano? Todo engano não poderá ser desfeito? Claro que sim! E onde estaria o Meu Amor caso não encontrasse dentro da Própria Sabedoria Divina um caminho para a recondução de todos, sem restrições? Deus Mesmo pôde realizar a Grande Epopéia do Seu Espírito como Homem em Jesus! Nele, desde cedo, manifestou a Natureza Intrínseca do Criador Eterno; aos 12 anos confundia os doutores no Templo, na interpretação da Escrituras Sagradas, afirmando não ser um profeta, mas Aquele Mesmo que falava aos profetas.

Ele vive! Ele vive! Se Jesus não Ressuscitasse vã seria a nossa Fé dizia Paulo! Assim como desapareceu Fisicamente da Face da Terra, terá que morrer como Homem dentro de nós para podermos abraçá-Lo chamando-O: Meu Santo e Querido Pai! Irmãos se não conseguirmos nos transportar à Sua Esfera Espiritual, estaremos quais órfãos na face da Terra, e as próprias decepções da vida nos conduzirão a isto. Quão difícil encontrarmos o Pai, no Grande Além, porque aquilo que aqui negamos, rejeitamos, fora deste corpo o faremos com mais veemência. A Eternidade é dom dos filhos de Jesus! Pilatos lava as mãos desprezando o Vivo para reverenciar o Morto! Muitos poderão encontrar-Me morto na Cruz debaixo das inscrições de Pilatos!

Uma Feliz Páscoa para todos.

 

Fraternalmente, 

Thalízia dos Reis