Em verdade quem chora? Nossos olhos materiais? Deles emanam apenas aquilo que expressa a nossa alma. Então Quem chorou foi o Cristo, a Alma Original do Espírito Divino. Não vos escandalizeis, irmãos, se afirmarmos que Deus tem alma. João diz: “Deus é Espírito Perfeito, envolto de uma Alma também Perfeita.” Em Amós lemos: “O Senhor Jeovah jurou pela Sua Própria Alma”, e Ezequiel assim expressa: “Sua Alma, (Sabedoria) apartou-se do Seu povo pelas suas prevaricações.” Pela boca do profeta Deus adverte que a Sua Luz ou Sabedoria lhe seria subtraída.
“E Jesus chorou”, é um texto com apenas três palavras, mas contém um sentido profundo de Eternidades. Na época de Moisés, a Divindade chorou? Não! Em compensação, todos os infratores da Lei foram condenados, e ninguém deixou o túmulo depois de morto. Em Jesus habitava a Mesma Divindade do Sinai, porém não mais oculta, não mais prendendo Seu Amor e Misericórdia em Seu Centro Insondável. “Que diferença entre Mim e o vosso Deus de Sabedoria”, dizia Jesus aos judeus. No Sermão da Montanha, o imperativo da Lei é substituído pelas Bem-aventuranças evangélicas chamando a todos indistintamente: “Vinde a Mim”, quer dizer, “reconhecei-Me”. Ele Mesmo confessa: “quantas vezes tive o ímpeto de Me insurgir contra essas Bem-aventuranças. Sua manifestação no Sinai já era um prenúncio de não querer permanecer mais Incógnito; qual seria a Sua vantagem, se nunca chegássemos a vê-Lo e amá-Lo verdadeiramente? E o que seria da nossa vida sem um Deus Visível? Não poderia culminar com a revolta de que um Deus que não se vê não é Deus? Assim, a Sua Humanização resolveu o problema não só do Grande Arcanjo, Lúcifer, que hoje já se encontra no Seio do Pai, como também de todos os demais espíritos.
“E Jesus chorou”: – Qual o significado do Seu Choro? Uma Piedade Infinita do Amor Eterno de Deus.” Junto à tumba de Lázaro, o Seu Choro tem um significado profundo! Por que Jesus realizou aquele milagre? Para dar uma prova aos judeus? Já dera tantas! Por causa de Lázaro, ou de suas irmãs, Maria e Marta, chorosas, enlutadas? Também não. Por que choraria por um morto se Ele é a Ressurreição e a Vida? Quanto às irmãs, ele mantém nossos corações em Sua Mãos, bastaria um Olhar D’Ele, e elas se sentiriam felizes, recordando do irmão com júbilo. Irmão, se fores capaz de reconhecer em Jesus, o Jeovah do Sinai, facilmente deduzirás que Suas Lágrimas representam algo mais, por ser Jesus Um com o Pai, unindo-se dentro D’Ele dois fatores Infinitos: “AMOR E SABEDORIA” Eternos, Força e Poder do Dirigente Supremo de tudo o que preencheu a Eternidade e o Infinito no sentido material e espiritual. Amém!
Diante dessas considerações ser-nos-á fácil compreendermos o que se segue! Jesus ordenou: “Levantai a pedra”, em seguida porta-Se diante da galeria e diz: “Lázaro venha cá para fora”. – Em seguida glorifica ao Pai; não a uma Divindade fora D’Ele, existente sabe lá onde. Todas as vezes que o Cristo chamava pelo Pai no Céu, era a Sabedoria suplicando ao Amor que foi e é Seu Pai Eterno, que colocasse um freio às Suas expansões puramente intelectivas. Todos os ideais de Amor, Misericórdia, Meiguice, Paciência, são anseios do Coração do Pai, mas foi o Cristo, a Sabedoria, Quem deu condições para que tudo fosse realizado. Ordenando que desatassem todas as amarras que prendiam o cadáver, desatava-se também dentro D’Ele o nó do julgamento que desde o início existia na matéria, que por si mesma condenou-se a um conglomerado de amor-próprio, egoísmo, orgulho e domínio, expressando as quatro tendências luciféricas.
Todas as almas que viveram antes D’Ele, incluindo-se os Patriarcas e profetas, aguardavam o Ressuscitado com Fé e Confiança para libertar suas almas presas à antiga sabedoria e levá-las à nova Luz que preencheria todo o Universo porque em Jesus reuniram, religaram-se Pai e Filho, Amor e Sabedoria. A Sabedoria julgadora teve que ser crucificada para fazer jus à Glória da Vida Eterna e Abundante para todos nós. “Só o Pai é Bom, Eu nada sei, só o Pai tudo sabe” – quer dizer que no Amor existem segredos que a Própria Sabedoria desconhece.
Uma observação: – A pedra que Ele ordenava que fosse afastada, representa as nossas argumentações, tão fartas, e justificativas próprias que nos impedem de ouvir a Voz do Pai ainda que Ele gritasse! Sua Voz, ouvi-La-emos no sussurro delicado, no silêncio!
“E Jesus chorou”, libertando o específico espiritual da matéria, levando-o à bem-aventurança! “Eu Sou Espírito, vós e a matéria também o sois.” Toda esta árdua tarefa coube ao Cordeiro de Deus, que chamou a Si toda a responsabilidade para nos conferir Vida, porém, em abundância; para tanto a inatingível Sabedoria Divina desce para junto de nós, convive com os pecadores, redime Madalena, e susta as pedras contra a adúltera, desconcertando seus acusadores hipócritas: “Quem estiver sem pecado, atire a primeira pedra.”
Foi o Cordeiro Divino Quem colocou de Pé a Cruz dantes inclinada! Foi o Cordeiro Divino que transformou em símbolo de Vida, o que era símbolo de morte: “a matéria”. Se por um, todos perderam a Graça (Adão), por UM, todos a reconquistaram!
Fraternalmente,
Thalízia dos Reis