"Não precisais falar em voz alta, ouço também o que falais e pensais no coração." — Jesus

O título acima causará surpresa, pois estamos habituados a pensar no cérebro, julgando-o como origem do mesmo. É impossível que assim seja! Sendo o pensamento uma criação puramente espiritual, não pode ter a sua origem na mais sutil matéria, que é o cérebro. A matéria surgiu do espírito e não vice-versa. Do cérebro emanam apenas os efeitos daquilo que o coração projeta.

O pensamento por mais sutil deve ter um motivo a fim de que fosse criado. Uma vez criado, sobe ao cérebro para ser contemplado pela alma e esta movimenta o físico para executá-lo. Estando o coração pleno de sentimentos inferiores, os pensamentos não podem ser vislumbrados pela alma. São percebidos apenas no cérebro, criam formas materiais amalgamando-se com as impressões do mundo exterior, assim a alma só pode visualizá-los como algo fora da Ordem Divina. Daí termos que renascer no coração, ou seja, no espírito, condição básica para a conquista do Reino de Deus.

Renascer no espírito não diz respeito às reencarnações, visto dar Ele ao fator Renascimento mais importância às vidas sucessivas inibidoras de qualquer esforço evolutivo. O eterno convívio de Deus com Seus filhos é justamente o Renascimento do espírito, princípio penetrante de tudo que existe.

A voz Interna não é privilégio, é o prêmio dos esforçados nesta Terra, que compreenderam o sentido de Suas Palavras: “Sem Mim, nada podeis fazer e falar em Verdade”. Uma pessoa mui devota indaga a Jacob Lorber como se processa o fenômeno, e o Próprio Emissor diz: “Isto que o Meu servo materialmente tão pobre faz, todos os meus verdadeiros seguidores devem fazer, a fim de serem ensinados por Deus, como consta nas Escrituras: Quem não for conduzido pelo Pai não chega ao Filho.” Qual a relação entre ambos? Semelhante à relação existente entre Amor e Sabedoria. Do Amor, que é o Pai em Si, surge a Luz da Sabedoria, o Filho, tanto que são UM, como luz e calor são idênticos. Lorber não experimentou nenhum estado de êxtase, mediúnico, como se suas mãos fossem guiadas por entidades externas. Totalmente desperto, sua linguagem é simples e direta, como simples era o Emissor.

Fato interessante ocorria com os Discípulos, falavam externamente tão pouco com Ele, mas internamente, no coração, perguntavam-Lhe mil coisas, recebendo as respostas em pensamentos nítidos, ganhando duplamente, pois uma resposta do Senhor no coração é uma conquista própria, vale mais do que mil palavras externas. É o Beijo que Salomão já naquela época suplicava no Cântico: “Beija-me Ele com o Beijo da Sua Boca.”

Meus caros, durante dois anos e meio Jesus realizou tantos milagres que é impossível enumerá-los e classificá-los qual seja o maior. Curar os enfermos ou transformar água em vinho? Ressuscitar Sara recém-morta, ou Lázaro após três dias, ou ainda Josué, três anos no túmulo? Perante Ele não se pode classificar algo de Grandioso; quem é capaz de criar uma larva, depositando nela uma alminha que irá lutar para vencer a forma grosseira, ingressando na majestosa forma humana é capaz de criar um mundo solar. Existe, porém, o Milagre Maior e Eterno: a Sua Encarnação como Homem entre os homens para Pessoalmente nos doutrinar.

Os milagres testemunhavam de Sua Personalidade; no futuro poderão ser aceitos ou não, passando a fazer parte da História da Humanidade como fraco estímulo para o despertar do amor para com Ele e o próximo. Ao passo que a Doutrina, o Verbo Revelado, no coração do filho realizará a cada dia provas da Vida Eterna, transformando as nossas fraquezas e deficiências em força íntimas. Procurá-Lo pelas provas é algo cansativo; fazendo-o pelo Amor, tornamo-nos imortais como João, o Amado.

A prova verídica da nossa finalidade divina nesta Terra são os grandes vícios ao lado das virtudes divinas, podendo nos elevar à mais sublime morada com o Pai, mas descer ao mais profundo racionalismo. Eis a trajetória do espírito humano no teste do seu livre arbítrio. A Divindade considera que a Sua Maior Obra como Mestre do Amor, Sabedoria e Onipotência é criar seres capazes de se Lhes tornarem idênticos. “Vós sois deuses à medida que palmilhardes pelos Meus Caminhos.” Amém! Amém!

 

Saudações fraternas,

Thalízia dos Reis