Irmãos, deparando com esta expressão, a “Ira Divina”, não deveis jamais interpretá-la como um sentimento inferior, supondo que Deus Se enraivecesse como o fazem as criaturas. Dentre os Sete Espíritos Originais que perfazem o Ser Básico do Criador, Amor, Sabedoria, Vontade, Ordem, Rigor, Paciência e Humildade, a Ira representa o Rigor eternamente equilibrado, a base intrínseca do Amor mais puro e poderoso, sem o qual nada existiria no Espaço Infinito. O Rigor confere a todos os seres estabilidade real, poder de procriação, germinação e aperfeiçoamento final. A ausência de tal espírito ou capacidade em Deus, tudo, inclusive a nossa situação seria insustentável.

Novas argumentações poderão surgir sempre com relação à expressão: “A Ira é Minha, e a Vingança também”, diz o Senhor pela boca do profeta. Não se incluem aí a expulsão de Adam do Paraíso? O Dilúvio? A destruição de Sodoma e Gomorra com mais 10 cidades adjacentes? Tudo isto não seria uma atitude justiceira de um Juiz implacável, contra criaturas fracas?

Como um cego fala das cores maravilhosas do arco-íris, assim os homens opinam acerca de Justiça, Ira, Vingança e Amor Divinos. Esquecem-se ser apenas possível assimilarem os profetas, espiritualmente.

Como supormos que Deus tivesse mandado enxotar Adam do Paraíso por um Anjo de espada na mão? Embora se nos apresentem esta passagem desta forma, em verdade se dava dentro do homem! Desconsiderando ele a advertência de não tocar Deus, o espírito da vida, através de suas razões próprias, nesse afã, afastou-se da sua vida interna, perdeu o conhecimento próprio, conseqüentemente, de Deus. Perdeu o Paraíso! 

E o Dilúvio? Não foi efeito do Poder Vingativo de Deus? Não! Se milhares de pessoas passam a desterrar morros, abrir valas profundas ao redor das montanhas, qual a reação dos espíritos do ar? Esses, foram liberados antes da época, desequilibram-se, e a conseqüência todos conhecem. Essa, a causa material, desrespeito à Ordem Divina existente como Mantenedora e Conservadora da Vida. Teria Ele agido com rancor, ou seria Deus uma Divindade de Ira e Vingança pelo fato dos homens não compreenderem Sua Grandes Revelações?

No Amor do Pai ocultam-se muito mais segredos do que a Sabedoria possa imaginar, por isto Jesus diz ser o Pai, como seu Amor Eterno, maior do que o Filho que Qual Luz Original reveste-Se de um corpo de carne limitado, embora pleno de Deus.

Amigos, a libertação de uma alma pela emancipação de seu próprio espírito ocorre primeiro pela Sua Doutrina, segundo, Sua Encarnação. Em o fazendo, quebra o julgamento desde o início existente na matéria capacitando-a à espiritualização. Nestas condições, Jesus é o “Cordeiro Divino, retirando todo o pecado do mundo”. Como? Se após Ele, os homens continuam se odiando? Tais argumentos racionais são mortais para alma, que se afasta do Plano traçado em definitivo por Deus para a Sua liberdade total. 

Paulo fala de uma primeira e segunda criação não materiais. A vida é uma Graça de Deus, e a vida primária é a primeira Graça. Esta, foi danificada pelo enfraquecer do espírito da Humildade, causando o obscurecimento do ser, que prestes a submergir, fez com que a Luz Primária Mesma viesse ao mundo, ensinando-nos ser necessário devolvermos esta primeira Graça, e por Ele recebermos uma nova vida! Eis o receber Graça por Graça.

Podemos afirmar que antes D'Ele havia uma Terra e um Céu antigos (alma e espírito) polarizados com o negativo, mas quando a Luz Primária Mesma aceita esta carne, todos fomos despojados desta polarização mortal. Com este gesto na Figura do Cordeiro Divino, a matéria, ou a Cruz que se encontrava inclinada, é colocada de pé! Uma Nova Ordem da Criação é estabelecida: “antes de Cristo, depois de Cristo”, não só para os seres desta Terra, mas para todo o Cosmo. Ao invés de Reencarnação que nada mais é que um cansativo desprendimento e um difícil renascer do espírito da sua tumba (mente), Ele cria a nova Polarização, Eterna, dentro e Digna D'Ele: “O Renascimento Espiritual”, para podermos dizer: “não mais vivo eu, Cristo, a Luz Original, o Unigênito, vive em mim”. Vencemos a Onipotência Divina, ou vencemos o julgamento da matéria, vivendo não mais sob a Lei, mas sobre a mesma!

Tudo no Infinito dependia de um simples gesto do Seu Braço, e Ele sabia disto, ainda no Berço. Foi realmente Deus Único e Verdadeiro, Criador de todos os mundos, não um profeta, muitas vezes considerado por alguns familiares, inclusive José, ainda preso aos conceitos judaicos da época. Tanto que O considerava o Filho Perfeito de Deus, não a Divindade Mesma.

Certa feita assim se expressa: Sempre houve profetas pelos quais Deus falou na primeira pessoa, por exemplo: “Sou o Senhor, teu Deus, que impele o mar fazendo com que as ondas se revoltem. Meu Nome é Zebaoth”, conclui José; “ora se o profeta falava na primeira pessoa como se fosse o Próprio Senhor, não poderia estar ocorrendo o mesmo com esta Criança? É um grande profeta tão somente”. Palavras bonitas, quadros corretos, só que não correspondem à Verdade Eterna. O Menino Jesus, esclarece a José acerca do seu grande engano dizendo-lhe que realmente o Senhor falou pela boca dos profetas, usando sempre a primeira pessoa. Mas como falou Ele a Isaías (63): “Quem é Este que vem de Edon? Que marcha com Sua Força, Poderoso, para vencer? SOU EU, Que ensino Justiça. Eu pisei o lagar (inferno) só. Pisei-o na minha Ira (a Vontade Divina eternamente equilibrada, que no íntimo é o Máximo Amor) e o destruí no Meu Furor (a Ordem da Sabedoria Divina). Jurei um dia de Vingança (a Verdade da Doutrina Revelada)”. 

Finalizando o texto, o menino Jesus indaga se José conhece “Aquele que vem de Edon e ora fala contigo? SOU EU”, Que por ora habito sob o teu teto, como uma partícula ínfima da Criação, mas o meu Espírito a abarca indefinidamente.” Amém, Amém! Comovido, emocionado, José cruza as mãos sobre o peito, adorando “Aquela Criança”.

Seja você leitor amigo, portador de olhos para verem e um coração humilde para sentir todo o Amor que emana da Adorável Criança. Como José, confessemos perante nós mesmos, perante os homens, que Jesus não veio apenas nos mostrar o Pai, trouxe-O Consigo. Considera esta advertência e guarda-a para toda a Eternidade.

 

Assim seja, 

Thalízia dos Reis