Deduzir das Escrituras apenas o seu sentido natural, nos prendemos à letra que mata. Tudo no Além é diferente aos ditos proféticos; tomando-os ao pé da letra cairemos no materialismo, retendo-os no sentimento e na consciência, o que não deixa de afligir a alma após a morte.
Moisés, na sua capacidade de assimilar o que lhe ditava o Espírito Divino, que era gigantesca, teve que ocultar as Revelações sob três sentidos. É a tríplice cobertura de Moisés. O primeiro sentido é apenas natural; todos os sábios poderão abarrotar o cérebro, todas as conclusões serão supérfluas. É o que tem ocorrido. O segundo sentido é um conjunto natural e espiritual, válido para os que almejam alcançar as Graças Divinas (a Criação de Deus foi transmitida nesse sentido). O terceiro sentido é apenas espiritualmente, e todos os que doutrinarem as almas terão que estar de posse do mesmo para não desviá-las do Plano Traçado em definitivo por Deus para a sua libertação pela emancipação do seu próprio espírito. Aliás, esse terceiro elemento, o espírito, é totalmente desconhecido em meio ao espiritualismo hodierno, dificultando à criatura a conquista do Reino de Deus, cujo caminho é o Renascimento Espiritual.
Existe um sentido, o CELESTE, onde o Pai é Tudo em tudo como causa de todo SER e VIDA. Este sentido só é facultado pelo Renascimento do espírito no coração da alma, e finalmente com o Espírito Original, Deus! “Eu e o Pai somos Um” – diz Jesus – Vós também deveis vos tornar um com Ele, com uma diferença: – nós numa personalidade isolada, Jesus numa só Personalidade, porque, em síntese, Ele foi, é e será o Pai Eterno, o Amor Infinito!
Não existem cursos no mundo exterior, regras para o entendimento das Escrituras; a CHAVE é o espírito que, uma vez despertado, com rapidez e facilidade nos conduzirá à justa sabedoria dos Céus! O intelecto, por mais perspicaz, não assimila ser Jesus o Mesmo Jeovah que deu a Moisés as Leis da Vida no Sinai e também lhe ditou os cinco livros. O primeiro, a Gênesis, não diz respeito à criação da Terra, mas da formação do sentimento; e tão logo o nosso espírito pairar acima dos nossos enganos, racionalismo, conheceremos a nossa vida e a Vida de Deus em nós!
Irmãos, há cem anos não desfrutávamos desta vida; mas algo nos diz que sempre existimos, e jamais o coração aceitará uma condenação e julgamento eternos! A vida é palpitante dentro de cada um, sem distinção. Sim, sempre existimos como os vapores não surgidos da água fria, serena. Levemos o nosso pote de água fria ao fogo do amor justo, verdadeira humildade, dor, sofrimento, descobrimos que somos portadores de elementos de força, de poder. O pote, o corpo, não será considerado pelos elementos de Luz, aceitando-o como invólucro, veículo para o teste do livre arbítrio do espírito.
Depois de tais considerações, podemos rever o Grande Cientista de Jeovah, Moisés, à Luz do verbo Divino, no combate a superstições, dogmas, credos, crendices e falsas profecias. Curvemo-nos ao Preceito Divino pela boca de Isaías: “Todos, naquela época (hoje) terão que ser ensinados pelo Próprio Deus; quem não o conseguir não atingirá a vida plena” – Exorta-nos ao despertar do espírito, o amor do Pai no coração da alma. “Mulher, ouvi-Me, mas com os ouvidos do coração”, diz Jesus à Samaritana – O mesmo dizemos a todos os irmãos.
“A máxima Potência da Vida de Deus continha uma dupla Existência: a primeira muda, serena, apenas de consciência própria. É a Sua Pré-Existência antes da Creação. A segunda, livre e perfeitamente consciente. É o início de Sua Atividade Interna.
Magistralmente, Moisés diz: “No princípio Deus criou o Céu e a Terra; a Terra vazia, deserta, havia trevas em suas profundezas” – O que significa? Veladamente, Moisés aponta como a Eterna Potência Divina começou a analisar e descobrir o Seu Ser! O Céu representa a Sabedoria Consciente do Seu Eu; e a Terra, deserta, vazia, é o centro chamejante do Amor, sem um conhecimento mais profundo do Seu Ser. Este Centro Vital começou a ser pressionado pela massa dos conhecimentos externos, fazendo surgir uma forte incandescência; e desse centro surge o Espírito que pairava sobre as águas de Sua Pré-Existência. A águas simbolizam a massa infinita de idéias e pensamentos, ainda informes! Vivificados pelo Espírito, que é o Amor, os pensamentos de Deus se unem numa idéia grandiosa e um pensamento impelia outro, dando-se automaticamente, na Eterna Ordem Divina, o “Que Se faça Luz”! E a Luz Se fez!!! Deus compenetra-Se de Sua Própria Individualidade e, pela primeira vez, Se manifesta como um Ser no Ser, tudo no Todo!
Isaías afirma que antes D’Ele nenhum Deus Se formou, e depois D’Ele nenhum Se formará! “Eu Sou o Primeiro e o Último, o Alfa e o Ômega!” Quem disse isto de Si Mesmo? Quem afirma ser o Caminho, Verdade e a Vida! Ele deixou bem claro diante dos judeus a Sua Causa Primária: “Antes que Abraão existisse, Eu Sou!” E à Samaritana, num colóquio perfeito e amoroso, Jesus lhe diz que a amava antes que ela existisse! Tudo tão claro, meus irmãos.
Para coroar todos esses ensinamentos, Jesus diz aos Judeus: “Depositais vossas esperanças em Moisés mas, se acreditásseis em Moisés, acreditaríeis em Mim, porque de Mim falou Moisés” – João, 5 vrs. 46.
Prometemos retornar à Gênesis, até lá que o Espírito ilumine a todos.
Amém! Amém!
Saudações fraternas,
Thalízia dos Reis