Pouco a pouco, os sábios chegaram à conclusão de que a Terra antecede aos cálculos de Moisés trazendo ao profeta grande descrédito. “Levantarei outros, inspirados por Mim, restabelecendo a honra e a dignidade do mesmo”. Quem se integrar no espírito perceberá que Moisés, no Livro da Gênesis, referia-se apenas à formação do sentimento e do intelecto dos primeiros seres da Terra e não à Criação Cósmica.
Esclarecimentos acerca do primeiro casal é também de grande importância para tornarem-se nulos todos os enganos que até então foram criados em torno deste assunto com grandes prejuízos físicos, psíquicos e espirituais à Humanidade. Não adianta os sábios do mundo abarrotarem os seus cérebros de sofismas e equívocos, sem conclusões sólidas. É necessário que se saiba que o Livro da Criação possui quatro sentidos: o natural, sem nenhum valor; o natural e espiritual em conjunto; o espiritual, aliás, todos os doutrinadores terão que estar de posse desse sentido para não semearem dúvidas ao invés das Bênçãos Divinas. Finalmente, o quarto sentido, o celeste! Este é transmitido Pessoalmente por Ele ao coração do filho como um verdadeiro Beijo de Deus, já mencionado por Salomão num dos seus cantares: “A quem Eu não beijar, não verá o Reino do Céu”. Ele então será Tudo em Tudo e com todos, e nós com o Pai numa personalidade isolada, enquanto que Jesus e o Pai não são Duas Potências, Duas Forças, mas Uma só desde sempre.
Irmãos, essas considerações se fizeram necessárias para um entendimento mais claro acerca do título acima. Quando se diz que Adam foi o primeiro homem, não significa o primeiro habitante do planeta, existiam os pré-adamitas. Foi o primeiro homem dotado de livre arbítrio, de capacidade criadora. E o Barro significa a parte mais grosseira da alma, como o coágulo do sangue. E Eva? Chegado o momento de colocar ao lado de Adam uma companheira, a Divindade chama do éter uma alminha, e ordena-lhe que formasse o seu corpo de acordo com a imagem divina dentro de si. Das partes mais delicadas da irradiação psíquica de Adam, Eva concretiza a sua veste em três dias. Pode-se dizer com mais clareza que Eva surgiu da superabundância dos fluidos dele, o que fazem as almas quando desejam materializar-se. Daí a expressão: “um só corpo e carne”.
E as costelas? Ninguém é tão tolo para acreditar que Deus necessitasse de tal engenho para criar uma mulher perfeita. As costelas constituem um escudo externo, porém firme dos órgãos mais delicados. É, portanto, um símbolo protetor da vida interna e amorosa do homem que, tomando para si uma companheira, o seu coração não se perturbará com concubinas. Se dissermos, como David, que Deus é nosso burgo firme, seria Ele uma fortaleza de pedras e tijolos? São alegorias.
“Adam, onde estás?” Consta que Deus colocara duas Árvores no Jardim da Vida: a do Conhecimento e a da Vida, advertindo a Adam (homem) que não desse preferência aos frutos da árvore do Conhecimento “antes de serem abençoados por Mim”, ou seja, antes que a Fé provinda do Amor penetrasse o seu coração. Em suma, não tentar tocar Deus, o Espírito da Vida, através de suas razões próprias, do puro racionalismo material, porque a conseqüência seria um afastamento brusco, a morte espiritual.
É preciso que se saiba que o primeiro casal foi dotado de todas as capacidades e conhecimentos, intelecto ativo e livre vontade, ao contrário do que pensam. Eram senhores das criações material e espiritual e, além disto, a Bondade Divina revelou-lhes o caminho para a finalidade prevista dentro do Plano de Libertação de todos os espíritos que, em remotas eras, se afastaram da Sua Ordem.
Disse-lhes também que poderiam aceitá-Lo ou rejeitá-Lo! Logicamente surgiria a instigação para o desvio, como exercício para o livre arbítrio. Esse quadro é apresentado por um Anjo com uma espada! Era a expulsão do Paraíso! Essa, nada mais é do que a perda do conhecimento do Único e Verdadeiro Deus, da Vida Eterna, e de nós mesmos. Daí a indagação: “Homem, onde estás?”
Quem ainda não formulou a si essa indagação: “quem sou, porque e para que, e depois desta?” A alma, o que faz? Vai buscar no cérebro uma resposta consoladora! Como encontrar no cérebro algo que a tranqüilize, se está ele impregnado de quadros desse mundo? Ela se atemoriza; e todas as suas ações se desordenam, surgem os recalques, inveja, incapacidade de assimilação das coisas espirituais! Eis os cardos e abrolhos, frutos da Árvore do Conhecimento, ou da atrofiada capacidade intelectiva, parasitas na Árvore da Vida!
A “maldição de Deus” é a nítida visão da alma de que o seu afastamento da Ordem foi de livre e espontânea vontade. Isto prova que em Deus não existem baixezas e nem tendência de domínio. A luta que se passou no íntimo de Adam é a nossa luta! Submeter Deus às nossas razões, eis o fruto proibido. A mente humana é o pólo oposto da Divina. Oxalá, diz Ele, se todas as mulheres fossem sábias e incorruptas como Eva! Ela recebeu em sonho como gerar um filho, passando-o a Adam – Que belo trabalho do Espírito Divino!
Hoje, o Verbo é transmitido às almas como o “Éden Perdido”, engalanando-as como uma noiva dedicada que se encaminhará para o seu eleito, o espírito, para juntos buscarem o Noivo Eterno, o Pai.
Amém! Amém!
Fraternalmente,
Thalízia dos Reis