Irmãos, a interpretação literal dos Seus ensinamentos mata a beleza e o encantamento existentes nos mesmos; e o homem se estraçalha na casca grosseira sem encontrar a Grande Pérola.
O cumprimento do primeiro mandamento é inexeqüível, se não compreendermos a Sua Vontade, a Sua Índole, e a Fé viva na Existência Pessoal de Deus.
As Escrituras afirmam que Jesus Cristo, o Filho do homem é Deus Verdadeiro, embora denominado de Pai, Filho e Espírito Santo! David diz: “Que o Senhor Jeovah possa encontrar-me de corpo, alma e espírito impunes.” Se o antigo e sábio rei assim se expressou, por acaso afirmava constituir-se o homem de três pessoas? Jamais faria David tal afirmação devido à sua educação e verdadeira perfeição da vida. Conhecia a sua trindade de corpo, alma e espírito, inserida no Grande Plano de Libertação do Eterno. Como admitir que Ele, desde sempre perfeitamente UM, possa ser dividido em três Pessoas, respectivamente deuses?
Nós, disse Ele, somos deuses, mas à medida que palmilharmos pelos Seus Caminhos. A Divindade conferiu ao homem a livre movimentação física e muito mais em espírito! Por que deveria o Criador limitar-Se, permanecendo no seu Centro Original, como Deus Invisível e Intocável? Não, o Infinito Divino tem o poder de movimentação infinita, e como o Homem Original assistia-Lhe o direito de transformar a Sua Glória em Carne.
João, o Amado, penetrou a Sua Vontade e Índole e assim pôde compreender Quem Ele era em Espírito e Verdade. Eis o seu testemunho imortal: “No Ser Primário ou na Causa Primária existia Luz!” Quem era essa Luz? A Divindade Mesma, que Se Humaniza e surge entre nós dizendo: “Eu Sou a Luz!”
Veja, amigo leitor, como tudo é claro, desde que O procuremos com o coração, e junto D’Ele aquela simplicidade Física vai desaparecendo dando lugar à Grandiosidade do Seu Espírito. Assim ocorrerá como aconteceu aos três Discípulos, a Transfiguração de Jesus no Tabor do nosso espírito. Como canta Dr. Getúlio: “Do alto do Tabor vi Deus, o Pai de Amor. Vi Deus, o Filho – Luz Real! Vi Deus – Vontade Espiritual Trindade: Deus total” – Quem tem olhos que veja, e ouvidos que ouça, exclamando como Pedro: “Senhor como é bom estarmos aqui”, quer dizer, nesse lugar sagrado, no campo do espírito, de posse do mais elevado conhecimento de Deus, significado de “Tabor”.
Tudo é possível a Deus, mas criar um Deus Semelhante, tal poder não Lhe assiste porque teriam que ser criados outros Espaços Infinitos, idéia inconcebível por uma pessoa dotada do mínimo grau de inteligência. Só pode existir Um Direito de Realeza Divina! Três é tão inaceitável como inaceitável é a existência de três Espaços Eternos! Se o Filho é desde sempre, como poderia ser criado e ter as mesmas prerrogativas de Quem Se auto-criou? O Espírito Santo é a Força Original no Pai e no Filho. “Como Homem Carnal, sou o Filho gerado por Mim Mesmo, por conseguinte Meu Próprio Pai.”
Vejamos a clareza desta frase: “Deus amou tanto o mundo, que lhe deu o Seu Filho”, mandou-O morar conosco. “Quem Me enviou não o fez como se enviasse um homem ao mundo, fê-Lo de tal forma que o Emissor e o Enviado constituem Uma só Pessoa! Sou o invólucro de nós ambos” – O entendimento se nos torna mais fácil deste chamado “mistério” quando compreendermos que a relação entre Pai e Filho é semelhante ao Amor e Sabedoria. Sendo ambos idênticos, Pai e Filho também O são. Do Amor, que é o Pai, surge a Luz da Sabedoria Divina, que é o Filho. O calor gera constantemente a luz e vice-versa. Entre os Discípulos havia dúvidas sobre Sua Pessoa, divergiam as opiniões, e como doutrinadores das almas não poderiam partir confusos, atrofiando as almas com toda sorte de místicas, superstições, dogmas. O crê ou morre não é cristão. Ele sim, poderia exigir que O aceitassem como o Ser Primário, como Forma Básica de todas as formas, mas, após um ensinamento, indagava amorosamente: “Compreenderam?”.
Os milagres são provas mui fracas da genuinidade de Sua Doutrina, mas o que for inculcado no intelecto e sentimento das criaturas com palavras claras gera a Fé de Rocha, viva, verdadeira, porque procede do Amor, do verdadeiro conhecimento do Pai e da Vida Eterna. Amor para encontrá-Lo, humildade para servi-Lo.
No Livro da Criação, ordena Moisés: “Produza a Terra erva verde que dê sementes e árvore frutífera que dê frutos”. O que significa? – Aquilo que o intelecto iluminado reconhece como justo e verdadeiro também o quer e deseja o coração. Fé e razão, conciliando-se? Perfeitamente; e só não ocorre quando se quer interpretar os Seis Dias da Criação ao pé da letra. Será o caos psíquico, a morte espiritual do homem.
Cordiais saudações,
Thalízia dos Reis