“Como a corsa suspira pelas correntes de águas, assim minha alma suspira por Ti, meu Deus! Minha alma tem sede de Deus, do Deus Vivo! Por que estás abatida, oh minha alma e geme dentro de mim? Espera em Deus, ainda O aclamarei, Salvação de Minha face e Meu Deus!” (Salmo 42). O espírito humano clama através de David por um Deus Visível, Tocável, levando-o a questionar: “se estou morto, como posso lembrar-me de Ti? No sepulcro, como glorificar-Te?” A Divindade Mesma diz: “Antes da Minha descida para junto de vós, fostes filhos na expressão, assim como Eu, um Pai distante. O que sabiam de Mim? Tão pouco quanto o capim sabe do ceifador. Hoje, estabeleci uma Nova Aliança entre Pai e filhos, no espírito e no coração; e a partir de agora não deveis honrar-Me e chamar-Me de Pai apenas mentalmente, mas com todo o direito vivo e santo – Meu Querido e Único Pai!”

Com a Sua Encarnação, Céu e Terra, ou seja, alma e espírito uniram-se, esvaneceu-se o antigo e algo novo surgiu. “Eis que Eu faço tudo de Novo”, disse Jesus, colocando uma barreira intransponível ao pólo oposto: a morte, levando Paulo a dizer: “Morte, onde estão os teus grilhões? Fostes vencida!” Houve uma primeira e uma segunda Criação, sem a qual nenhuma criatura deste ou de outros mundos levaria sua alma a liberdade plena pela emancipação do seu próprio espírito. “Hoje sou Deus Visível para todos, e quem Me Reconhecer viverá eternamente!” No homem, a alma é despertada primeiro! Por quê? Sendo ela de origem material, portanto, limitada, finita, as coisas espirituais a perturbam; um cego é mais fácil de ser conduzido! O Verbo Desvendado é um socorro externo para a alma. De posse do Mesmo, ela passa a ter ascendência sobre o seu próprio espírito, depositado em seu coração. Como um embrião dentro de ventre materno, esse espírito tem que ser fecundado pelo Amor do Pai, para que ele possa romper as barreiras que o aprisionam e penetrar a sua entidade formal. A alma é tão real para o espírito quanto o corpo o é para a alma. Mas alma e espírito não são idênticos? Se ignorarmos que em cada alma reside um espírito vital, longe estamos de compreender a diferença entre o homem natural e o homem espiritual. A Alma é apenas um invólucro da Vida de Deus, mas não a Vida Mesma, que consegue a bem-aventurança apenas no caminho da virtude espiritual. No coração da Alma existe uma fagulha, ou Espírito de Deus, essa fagulha tem que ser despertada, alimentada pelo Amor do Pai, tornando-se poderosa dentro da alma! A Alma transforma-se em potência espiritual, e pelos olhos do espírito torna-se conhecedora da Sabedoria Divina. Há uma interdependência entre alma e espírito, pois esse é o gerador, criador, modelador e pai da alma. Para a alma, por mais sábia, porém finita e limitada, as questões mais profundas acerca do Reino de Deus perturbam como algo que a oprime, o que não acontece com o espírito; uma vez desperto é em tudo semelhante a Mim, manifestando-se como se o Próprio Pai estivesse Presente. Por isto Ele insistia com Nicodemus: “Onde está o teu espírito para te revelar essas coisas?” Por isto cada um deve cuidar do amadurecimento de sua alma libertando-a dos laços carnais.

Como conseguiram os pagãos a promessa da Luz? “Foram instruídos por enviados Meus, ensinando-lhes a introspecção, assim puderam alcançar o Renascimento da Alma, alcançando aquele estado que os sábios da Índia denominavam de Nirvana”. Diz Pedro: “Senhor, desejávamos ouvir de Ti acerca do Renascimento da Alma e do Espírito, essa diferenciação nos desperta a atenção! Pelo Renascimento da Alma não teremos alcançado tudo?” “De que adianta apontar-vos as diferenciações entre o Renascimento da Alma e o Renascimento do Espírito se dentro de vós ainda não fazeis a diferença entre o homem físico e o homem espiritual?” Tal problema só o solucionaremos pela união do espírito humano com o Espírito Original, Deus Mesmo! Como percebemos o pensar e o sentir? É um processo externo ou interno? Respondendo uma pergunta feita por nós mesmos, foi porque a aprendemos com um professor ou através de um processo interior, através de deduções próprias? Se fôssemos apenas uma máquina pensante, embora dotada de uma Alma, só pensaríamos externamente como os irracionais. Mas, as nossas indagações são formuladas pela Alma a um espírito Vivo em seu coração, emanação do Coração do Pai, estabelecendo-se um jogo verdadeiro de perguntas e respostas. E as respostas fora da Ordem? Ocorrem por conta da alma, ainda presa às tendências carnais. Com isto a vontade do espírito manifesta-se fracamente na alma.

Meus caros: todas as vezes que o Cristo clamava pelo Pai no Céu, era a Sabedoria clamando pelo Amor, para que colocasse um freio às suas projeções puramente intelectivas, reconhecendo que no Amor existem segredos que a Própria Sabedoria desconhece. Não há motivo para que nos escandalizemos com o texto: “O Pai é Maior do que o Filho!” Em verdade, o Amor, o Pai, é mais útil para nós do que a Sabedoria. Esta só inclina Seus olhos para a perfeição; o Pai, o Amor, inclina Seu Peito para os fracos e enfermos. Como sempre, os escribas e fariseus procuraram confundi-Lo. Depois de tantas argüições, Ele diz um basta: “Como vedes não sou uma presa fácil! Agora vos indago: o que pensais do Cristo? De Quem é Ele Filho? Caso respondais, podeis continuardes argüindo-Me, caso contrário, não!” “Não é O Cristo filho de David, como consta!?” Diz Jesus: “Como, se David chamou-O de Senhor, quando disse: O Senhor falou ao Meu Senhor!” “Quem entende? Explica-nos!” “Claro que Os Dois Senhores são Um Só! David afirma haver penetrado no Amor Misericordioso de Deus, apossando-se da Sabedoria Original!” Não consta que no coração da alma habita um espírito, chama viva do Amor do Pai? E no coração do espírito um quinhão a mais, um acréscimo espiritual! É o Renascimento por Enxertia, comprovando que a Salvação não é Obra Humana, mas Divina, como constatamos na Carta de Pedro (cap. I, vers. 17 a 21).

Quão difícil é arrancar das almas dogmas e superstições! São crendices milenares, não obstante as Religiões e a Bíblia! Os homens, por culpa própria, perderam a ciência interpretativa dos ditos proféticos. Eis a razão do Verbo Desvendado, é Ele novamente em nosso socorro! A primeira vez que indagaram qual a prova de que dispomos, a resposta foi, é e será sempre a mesma! “Provas? Não as temos! Mas, fazemos, aos que realmente buscam a Verdade, um desafio: leiam, investiguem, o coração dirá se se trata de Obra humana ou Divina!” Finalmente, um esclarecimento inédito do nosso Pai! Dizem: “O Próprio Senhor fraquejou!” Quando? Na Cruz quando disse: “Meu Pai, por que Me abandonas?” Pelo contrário, Quem chamou mais uma vez pelo Pai não foi o homem Jesus, mas o Próprio Cristo, a Sabedoria que indaga não por que, mas para que, reafirmando o Seu Desejo de permanecer em constante união com o Amor Divino, o Pai! Ele, a Sabedoria, não fez uma argüição, mas que Lhe mostrasse os mais profundos Ideais do Coração Paterno! Tanto que finaliza vitoriosamente: “Está tudo Consumado! O Amor de Deus está transformado em Amor de Pai!”  Hoje o espírito não diz à sua alma: “espera em Deus, ainda O louvarei”. Hoje ele diz: “Contemplemos a Face do nosso Deus e Pai!” Amém! Amém! Ouçamos agora “Canção e Caminho da Alma”, letra e música de Getúlio Targino Lima.

 

   

CANÇÃO E CAMINHO DA ALMA

 

Canta minh’alma e segue

O Pai em teu interior.

Ama feliz e consegue                    bis

messe de real valor.

 

Busca na só humildade

o servir, com prazer.

Funde o Amor e a Verdade           bis  

Como as bases do teu ser.

 

Sente minh’alma o misto

De um Deus Saber e perdão.

Vai libertando o Cristo                  bis

das paixões do coração.

 

Une a tua vontade

Ao querer do Criador,        

que na eternidade                       bis

Fulgirás em luz e Amor                   

 

 

Fraternalmente,

Thalízia dos Reis