João Batista exclama num entusiasmo elevado: “Vede o Cordeiro Divino! Este é Aquele do Qual eu dizia, que após mim virá Um Homem que era primeiro do que eu!” João reconhece naquele instante, que embora habitando nele o espírito potente do Arcanjo Miguel, ele não fora projetado pelo seu poder e força, mas pelo Ser Divino! Com a projeção dos sete primeiros Arcanjos, inicia-se a primeira era, antes da qual nada existia no Espaço Infinito, a não ser o Espírito de Jeovah, que se manifestou Visivelmente no Homem Jesus. Logicamente, quem D’Ele testemunhava não era o homem externo, João, mas o próprio Arcanjo Miguel, provando sua existência antes dos corpos cósmicos. E o testemunho do Batista é semelhante ao do Evangelista! Paulo escrevendo à Comunidade de Laudicéia diz: “Laudicences, quando estava entre vós, os vossos filósofos me perguntavam qual a diferença entre Deus e Seu Filho Jesus. Disse-lhes que Deus é Um e que Cristo também é Um, e se há Um Só Deus, só há um Cristo. A diferença entre ambos? Deus é o Amor, e Cristo é a Sabedoria em Deus, ou a Luz, o Caminho, a Verdade e a Vida!”

Não condiz com a Verdade Celeste a afirmação de existir um Cristo em cada planeta! Jesus só existe de 2000 anos para cá; Já O Cristo não é um ser neo-criado, Ele é Incriado, tanto que o Filho afirmou que o Seu Reino não terá fim, é Eterno! Meus caros, as Revelações dadas a Lorber seriam ridicularizadas se não fossem hoje facilmente comprovadas pelas conquistas científicas. Diz um célebre astrônomo: “Indagar o que existe além do Universo seria um paradoxo, porque é irrespondível”. Mas, Lorber afirma: “Além do Universo, ou seja, do Grande Homem Cósmico, estende-se o Espaço Infinito em todas as direções”! Impulsionado pela Sua Vontade, esse Homem navega qual peixe numa velocidade inconcebível, necessitando de 100 bilhões de anos terráqueos para retornar ao ponto de partida. Sua finalidade é fazer retornar a Ele todas as Suas Idéias e Pensamentos, uma vez que o Grande Homem Cósmico representa o “filho perdido”, e o Pai que vai ao seu encontro “Sou Eu Mesmo, como Homem entre vós”. É o que diz a Parábola do “Filho Pródigo”. 

Todos nós possuímos um Órgão Espiritual que se chama Consciência; esta terá que se tornar uma “Consciência Consciente” do espírito que habita o coração da nossa alma; e o espírito humano é de tal forma constituído que, igual ao Espírito de Deus, contém o Infinito dentro de si. Esse espírito jamais será despertado caso não lhe seja dado um socorro, um estímulo externo; por isto deu-nos Ele o Seu Verbo Desvendado. De posse do mesmo, a alma passa a ter ascendência sobre a sua própria centelha, sua luz interior, ou seja, o espírito, que vem D’Ele! O nosso intelecto nos diz que um dia desapareceremos fisicamente da face da terra; reportando nossos pensamentos a eternidades atrás, não vamos encontrar um fim nesta marcha; algo nos diz que sempre existimos, e esta noção vem do espírito que é a mais remota testemunha de tudo que existe. Para a alma, por mais sábia, porém finita e limitada, tais noções perduram como algo que oprime pela incompreensão, o que não ocorre com o espírito quando desperto. “É ele livre e em tudo semelhante a Mim”, diz o nosso Pai. Imaginemos a velocidade dos corpos cósmicos; isto nada significa diante da rapidez do espírito; para ele a distância nada diz: tanto o “aqui” quanto o “acolá” são idênticos. Eis porque afirmamos que a nossa Consciência tem que se tornar Consciente do espírito no coração da alma! Sempre existimos, como os vapores não surgidos da água fria. O mesmo ocorre conosco: na vida calma, serena, sem atividade amorosa jamais chegaremos ao conhecimento de nós mesmos. Mas, passando pelo fogo do amor, humildade, dor, sofrimento, ocorrerá em nós o que Ele disse: “Quem me ama verdadeiramente, do seu íntimo jorrará fonte de água viva”. Assim começaremos a conhecer a nossa vida e a Vida de Deus dentro de nós!

Meus caros, esta relação se estende até à Divindade, o Ser Supremo, se bem que atingindo a Grandiosidade Infinita! Deus Eterno, Sábio e Poderoso continha duas Existências: a primeira, muda, silenciosa, apenas de Consciência Própria; a segunda, derivada da plena atividade interior, portanto, livre e perfeitamente Consciente pelo despertar do Espírito. Sua Pré-Existência muda e silenciosa, compenetra-Se de Sua Própria Individualidade. Essa noção corresponde à expressão “Que Se Faça Luz”! Desta forma, a expressão de Moisés: “No princípio Deus criou o Céu e a Terra; esta estava vazia, havendo trevas em sua profundezas”. O profeta não fala do histórico do nosso planeta, ele mostra veladamente como a Eterna Potência de Deus começou a descobrir e analisar o Seu Próprio Ser. Assim, Moisés fala do início da Fonte Primária, da Vida Consciente de Deus, surgida pela Sua Vontade Libérrima. Diz o nosso Pai: “O Espírito Divino, centro chamejante como Lei mais sublime e propriedade mais elevada no ponto Central do Meu Coração, sente um imenso ímpeto para projetar”. Só então Deus Se manifestou como Verbo, uma Palavra Viva, um Ser no Ser, Tudo no todo. “Concentremos os nossos Pensamentos da Glória e deixemos que surjam para que se tornem livres, podendo nos ver e sentir, assim como nós os sentimos, vemos e os vimos antes que a Luz iluminasse as suas formas”.  Isto nos faz lembrar o que Jesus disse à Samaritana: “Antes que tu existisses Eu já te amava”.

“Concentremos os Pensamentos da Glória”, era o Espírito do Amor Original, como fonte de tudo, falando ao Entendimento da Sua Alma, o Espírito da  Sabedoria em Deus Mesmo. Deus possui Alma? O que diz João? “Deus é 

Espírito Perfeito, envolto de Uma Alma também perfeita”. Cristo é a Alma de Jeovah, e a prova de que Sua Alma nunca esteve fora D’Ele é a Oração Sacerdotal de Jesus: “Pai, Eu te glorifiquei, nunca fiz a Minha Vontade, agora é chegada a Hora, concede-Me a Glória que tive Contigo antes que houvesse mundo” (João – Cap. 17). A expressão: “Deus enviou o Seu Filho ao mundo”, significa que o Espírito da Sabedoria, a mando do Espírito do Amor, veio para realizar obras do mais profundo amor e humildade, afim de que todos os Ideais do Amor Eterno do Pai fossem realizados. Por isto Jesus diz: “Eu Sou o invólucro de nós ambos". Mas Deus tem Alma? Em Amós encontramos: “O Senhor Jeovah jurou pela Sua Própria Alma” (Cap. 6, Vers. 8). Em Ezequiel: “Sua Alma (Cristo ou Sabedoria) apartou-Se do Seu povo pela sua prostituição” (Cap. 23, Vers. 8). 

“Eu Sou Pai e Mãe, não como é interpretado por vós, mas da seguinte forma: como Pai Sou o Próprio Amor Eterno, a Vida Libérrima, o Poder e a Força. A Mãe em Mim, corresponde à Luz Eterna, radiante, criada pela Chama do Amor, igualmente Poderosa. Tal Sabedoria é a Justa Esposa de Deus, Eternamente Indissolúvel, com a Qual gerei e criei todas as coisas”. Salomão, admirado por muitos, rejeitado por outros tantos, por não compreenderem o Verbo Divino que lhe fora transmitido, diz ser a Sabedoria “uma Projeção do Deus Altíssimo”; em outros capítulos Salomão dá à Sabedoria atributos corporificados: “Amei-a desde a juventude, apaixonei-me pela Sua beleza e procurei tê-La como esposa!” A Sabedoria é mais móvel que todos os movimentos, tudo atravessa por causa de sua pureza. É o eflúvio do Poder de Deus que só ama quem a possui! Já classificaram de “Parábola Nupcial” os atributos conferidos por Salomão à Sabedoria. Diz Jesus: “Se não fora o Amor Incondicional do Subjeto (Alma) para com o Objeto (Espírito), e vice versa, a Minha Encarnação não teria sido possível!” Novamente Ele procura tornar mais fácil para nós aquilo que corresponde ao âmago mais profundo da Sua Sabedoria com uma Parábola tão simples: “E à medida que fordes nela penetrando compreenderão o espírito da Verdade contido neste mistério infinito que é O Meu Plano Criador!” Um homem sábio, bondoso, resolveu tomar uma companheira para gerar filhos idênticos a ele em tudo, e cada um deveria segundo o seu caráter, se apossar dos inúmeros tesouros e riquezas que ele possuía em totalidade. Logicamente, é um bom plano, mas como executá-lo se em todo o seu reino não existe uma criatura feminina? “Para que continuar procurando se não vou encontrá-la? Tenho dentro de Mim o que necessito: Amor, Sabedoria e o Poder de Ambos. Verei se posso criar uma entidade semelhante a Mim; formularei uma idéia semelhante a Mim, ficando evidente que não necessito procurar algo que não existe e nem pode existir fora de Mim”. Dito e feito: a obra se apresenta à sua frente, causando-lhe imenso agrado. Mas ela se assemelha a uma máquina, movimenta-se e fala segundo a sua vontade. Eis que a Sabedoria do sábio e bondoso homem reflete: “A Obra é bela, mas só possui o que é meu, desta forma não atingirei o meu objetivo e finalidade. Mas, se eu lhe facultar plena liberdade, não terei que suportar o seu afastamento? Mas não terei o devido poder de ir buscá-la, se é uma obra minha?” Assim falou e agiu o sábio homem. Libertou a sua obra, que começa a falar e se movimentar com vivacidade, mas não se afastava de sua esfera! Faltava algo à sua obra: livre arbítrio total, e uma educação individual, de experiências as mais variadas. Tal educação do sábio e bondoso homem perdura para sempre, podendo ele contemplá-la até o final de sua perfeição! “Sede perfeitos como o vosso Pai”. “Sois a Minha Perfeita Imagem e Semelhança! Transferi para vós Minha Própria Natureza Intrínseca, portanto, sois criadores como Eu!” Finalmente Ele diz: “Vós sois deuses à medida que palmilhardes pelos Meus caminhos!” “É uma Grande Parábola, pois contém início e fim totais, mas para que ‘Haja Luz’ em vossas almas, leiam com o coração”. Amém! Amém!

 

Fraternalmente, 

Thalízia dos Reis