Enquanto fizermos da nossa razão o único mestre da nossa vida, abriremos as portas do sofrimento, ante as constantes indagações sobre Deus, Verdade, Justiça e Vida, sem respostas. Chegamos a tamanhos desvios que nem em eternidades alcançaremos a verdadeira meta da nossa existência. Um jovem chamado Nicodemus foi à Sua procura. Pelo seu ofício e distinção era mais ou menos o que é hoje um cardeal em Roma. “Rabi, sabemos que És Mestre, ninguém pode fazer os milagres que fazes se Deus não estiver com Ele! Teus predecessores nos prometeram o Reino do Céu; quando virá e o que fazer para conquistá-lo?” “És Mestre em Israel e não sabes dessas coisas? Não te admires por Eu te dizer: necessário é que nasças de novo!” Como? Poderá o espírito gerar outro espírito? Jesus dava ao fator Renascimento Espiritual, maior importância do que às reencarnações, às vidas sucessivas, inibidoras de qualquer esforço evolutivo. Toda reencarnação nada mais é do que um cansativo desprendimento de nós mesmos, e um difícil renascer do espírito humano. É, portanto, um caminho longo, ao passo que o Renascimento do espírito é o caminho curto. Antes de Sua Encarnação, justificavam-se as reencarnações, porque a Criação (alma e espírito) estava polarizada com o negativo, tanto que a morte não devolvia sua presa. Depois que o nosso Senhor, O Espírito Onipotente, aceitou a carne, caminhando como Homem entre os homens, nos retirou das mãos de outrem e nos colocou em Suas Mãos. Eis a Figura do Cristo Redentor. Ele uniu a Criação, cuja tendência era dissolver-se devido justamente às vidas sucessivas inibidoras de qualquer esforço evolutivo. Esvaneceu-se o antigo Céu e Terra, e algo novo surgiu em seu lugar. Consta: “Eis que Eu faço tudo de novo!” Paulo, no seu espírito incendiário, quer dizer, vibrante, diz: “Morte, onde estão os teus grilhões? Fostes vencida!” E ainda indagam: “De que nos salvar Jesus veio?” Oh cegueira, até quando!?
O intelecto exige provas para aceitar um ensinamento. Por quê? O espírito ainda se encontra qual prisioneiro num cárcere escuro. Seria muito fácil para Ele ensinar Suas criaturas por meio de provas de que Ele existe e o porquê de Sua Existência! E mais, por que nos criou à Sua Imagem e Semelhança interna e externa? Bastaria nos colocar sob o julgamento e nada mais aceitaríamos senão a Sua Vontade. Desejaria Ele criar homens máquinas, artificiais, ou filhos livres e independentes? A razão do coração aceita livremente, como o fez Felipe quando Jesus lhe diz: “Felipe, segue-Me!” “Este não se fez de rogado, lançou fora sua rede rota e Me seguiu sem indagar para onde”. Quando Pedro lhe disse que estavam seguindo o Messias, Felipe disse: “Isto senti no meu coração quando me chamou.”
Habitualmente afirmamos: “Para Deus, todas as coisas são possíveis”. De fato! Mas, nem tudo, afirma Ele Mesmo, com relação ao homem. Se o fosse, não teria vindo Pessoalmente a este mundo, realizando o grande desejo de Salomão que suplica em seu cântico: “Beija-me Ele com o Beijo de Sua Boca”. “O Beijo por Salomão suplicado, todos vós estais recebendo quando vos doutrino com o Hálito de Minha Própria Boca. Além do seu físico, o homem não tem outra lei imperativa dada por Mim, podendo assim, pesquisar, analisar, comparar e adotar como norma de vida o que descobrir como justo e verdadeiro! Por isto sedes alegres, sabendo que no futuro todos os laços serão soltos, porque de um modo geral Eu Sou O Senhor!” O que não daria o homem para ser o senhor de sua própria vida!? Se alguém Me perguntasse: “Como posso ser o senhor de minha própria vida, se tenho que viver como servo obediente e mesmo depois de tudo feito confessar ser inútil e desajeitado?” “Posso apontar-vos a meta, livrando-vos do julgo carnal e da morte”. Enquanto fores servos do mundo, da carne, estarás atrelado ao julgo da obediência servil, e o servilismo não é agradável aos Seus Olhos. Vejamos o que disse o Meninozinho sobre Cirênius: “É ele maior do que muitos israelitas, maior mesmo do que Abrahão, Isaac, Jacob, os profetas, Moisés e David. As ações destes eram justas pela fé e o grande temor do coração. Cirênius foi o primeiro a ser despertado pela Palavra, e isto vale mais do que a antiga Aliança morta. Cirênius construiu no Coração um Templo Vivo para o Seu Deus Vivo!”
Meus caros, o Amor dispensa a Obediência! Para muitos parece um paradoxo, mas não o é! “Aquele que se torna Uno Comigo, como Eu Sou Um com O Pai, todas as suas ações não são por mera obediência, mas por Amor!” Faz-se necessário um Mandamento exigindo Amor, se o Amor é o Mandamento de todos os Mandamentos, e Mestre de todas as Leis? Quando falamos da Justiça Divina, ocorre-nos algo aterrador, mas a Justiça Divina, nada mais é do que o Amor Glorificado de Deus, por isto é Ela, Perfeita, Justa, Amorosa, Sábia e Misericordiosa!
“Amor, fonte original de todo saber e expressão”. Examinando a História da Humanidade, sentimos que as pessoas que têm o coração cheio de amor, possuem o verdadeiro lirismo e a sabedoria que se projeta da Luz Original. Vejamos, David ardia de Amor para com Ele e para com os homens; tornou-se um dos mais importantes poetas. O apóstolo João, cognominado por Ele Mesmo como “o diamante puro do Amor”, quanto ardor na expressão de Sua Palavra, razão porque lhe foi dada a mais profunda Revelação: “No Princípio era O Verbo. O Verbo estava com Deus e Deus Mesmo era O Verbo. E O Verbo Se Fez carne e Habitou entre nós. Veio para o que era Seu, mas os Seus não O reconheceram, mas a todos quantos O reconheceram, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus”, culminando com a visão de Patmos. Os intelectuais também fazem poesias, mas o que são? Buscas nos ignotos mundos; estão sempre procurando a dracma perdida nas dúvidas dos seus próprios corações. Quando julgam haver encontrado, escorregam-se, por ser muito fofo o terreno onde mourejam: o puro intelecto!
A propósito, fugindo um pouco do habitual, apresentamos de Tobias Barreto, grande filósofo, poeta, jurista, o seguinte soneto:
IGNORABIMUS
Quanta ilusão!... O céu mostra-se esquivo
e surdo ao brado do universo inteiro...
De dúvidas cruéis prisioneiro,
tomba por terra o pensamento altivo.
Dizem que o Cristo, o filho do Deus vivo,
a quem chamam também Deus verdadeiro,
veio o mundo remir do cativeiro,
e eu vejo o mundo ainda tão cativo!
Se os reis são sempre reis, se o povo ignavo
não deixou de provar o duro freio
da tirania, e da miséria o travo,
se é sempre o mesmo engodo e falso enleio,
se o homem chora e continua escravo,
de que foi que Jesus salvar-nos veio?
Como vemos irmãos, a arte poética é perfeita, mas as mentes ornadas dos louros das glórias acadêmicas tão somente, desconhecem a Grande Epopéia do Espírito Santo de Deus, a Quem o profeta Isaías chama de: “Maravilhoso, Conselheiro, Herói, Príncipe da Paz, Deus Forte e Pai Eterno. Com muita alegria lhes apresentamos a Réplica do nosso irmão Getúlio Targino Lima, igualmente laureado das glórias acadêmicas, mas não obstante tantos louros, curva-se diante D’Ele e diz: “Pai, aqui está um sedento e faminto, sacia-me!” Servindo-se da última frase do soneto de Tobias Barreto, Getúlio Targino Lima inicia sua Réplica:
DE QUE FOI QUE JESUS SALVAR-NOS VEIO?
De que foi que Jesus salvar-nos veio ?
Pergunta angustiado o sábio antigo,
despercebido do fatal perigo
que é descansar na mente o humano anseio.
Jesus veio salvar do desabrigo
as ovelhas perdidas do Seu Seio.
Veio salvar-nos do maior receio:
o da morte, sem termos renascido.
Veio da escuridão salvar as almas,
veio nos conduzir às águas calmas,
ao espírito dando dignidade!
Epopéia maior do Pai da luz
que entregando seu corpo numa cruz
salvou-nos das mazelas da orfandade.
Meus caros, nada mais a dizer! Amém! Amém!
Fraternalmente,
Thalízia dos Reis