Será mais justo e coerente com o Espírito Divino dizermos: “Cristo, Mediador entre os conhecimentos divinamente espirituais, que é Deus, e os conhecimentos surgidos da natureza, que é o homem.” O Espírito de Deus possui três Incumbências ou Atribuições: a primeira, Deus Pai, Criador, a segunda, Filho, Mediador e a terceira Espírito Santo, Consolador, Guia e Doutrinador. A primeira já fora cumprida, quando antes de todo ser “projetei as Minhas Primeiras Idéias já sazonadas, como espíritos e os cumulei com a Minha Força.” Com estas primeiras projeções, que em Si é uma Obra Real do Espírito Primário, inicia-se a primeira era, antes da qual nada existia no Espaço Infinito, a não ser o Espírito de Jeovah, que num período qualquer decide libertar as nossas partículas que hoje são livres, ao passo que dantes eram algo algemadas, todavia unidas totalmente à Sua Existência Eterna. Eis porque Ele disse à Samaritana: “antes que tu existisses Eu já te amava.”
Sua Incumbência como Mediador inicia-se com o testemunho de João: “No Princípio era O Verbo, que Se fez carne e habitou entre nós! Veio para o que era Seu, e não O receberam como sua Causa Primária: Deus Mesmo!” Até então, não havia caminhos aplainados para o Reino de Deus, e caso persistisse tal situação em vão teria Ele projetado Sua Criação: continuaria eternamente a SÓS e nós, Suas criaturas, embora extraordinárias e conscientes, saberíamos tanto D’Ele quanto o capim sabe do ceifador. Não poderíamos levantar a hipótese do “Tédio Divino”? Tal expressão soa bastante estranha! Mas, imaginemos um homem dotado de todo saber, encontrando-se sozinho nesta Terra! Qual seria o seu maior desejo? Comunicar-se com outrem, é claro! Sua enorme Sabedoria, Seus conhecimentos se lhe tornariam um peso; não seria observado ou mesmo criticado por alguém; com o passar do tempo, o tédio não o aniquilaria? Encontrando alguém, mesmo simples, com que prazer, amor não o trataria!? Que adiantaria ao cantor o som comovente de sua voz, o som melodioso de sua harpa se ninguém o ouvisse? Os pássaros saltitam de uma floresta a outra, buscando um semelhante; não o encontrando, emudecem e atemorizados deixam a floresta deserta. Se os próprios animais possuem tanto amor, aspirando pela sua espécie, tal não ocorre com o homem? E o que dizermos D’Aquele que nos deu um coração, sentimentos, do Qual somos partículas vivas?
Diante de tais observações palpáveis, não é perfeitamente compreensível a Vinda de um Mediador entre Deus e os homens, preenchendo todos os abismos entre Ele e nós de tal forma que possamos conviver na Sua Intimidade, como um Irmão, aprendendo D’Ele Mesmo a nossa viva e eterna finalidade, tornando-nos senhores perfeitos de nós mesmos N’Ele e junto D’Ele? Se assim é, não há razão para nos julgarmos indignos e nos estremecermos diante da Divindade! “Deixa de lado o que não serve para Pai e filho, e expande o teu entendimento, abre o teu coração a fim de perceberdes o quanto Eu, teu Pai, Sou Paciente, Meigo e Humilde de Coração”. Busquemos, irmãos, o Sermão da Montanha, lá está a síntese maravilhosa de Sua Doutrina.
Por que se diz Cristo Mediador, e não Jesus Mediador? Jesus só existe de dois mil anos para cá; Cristo não é um ser neo-criado, mas Incriado. Não afirma Ele, o Filho, que o Seu Reino é desde sempre? Como poderia ser gerado? As Escrituras, incompreendidas pelos homens devido ao seu afastamento da ciência interpretativa – o espírito, afirmam que Eu, Cristo, Sou Deus, embora denominado de Pai, Filho e Espírito Santo. Pai, no Seu Amor Eterno, Filho, como Luz ou Sabedoria, e Espírito Santo, na Sua Vontade Poderosa e Eternamente fixada. Se o homem formado de corpo, alma e espírito constitui um único “ser”, uma substância individual, Pai, Filho e Espírito Santo estão igualmente unidos. Se Lhe assistiu o poder de transformar Sua Glória em Carne, a fim de Se tornar Deus Visível, Palpável a todas as criaturas, o Poder de criar deuses iguais a Ele não Lhe assiste nem pode ser! Teria Ele que criar outros Espaços Infinitos! Onde terminaria o primeiro para dar lugar ao segundo, e muito menos a um terceiro? Tal absurdo é incompreensível por qualquer pessoa dotada de um mínimo grau de inteligência. Se admitirmos tal absurdo, qual Deles teria o Direito de Prerrogativas de Deus? Amorosa e respeitosamente, afirmamos que só pode haver Um Direito de Realeza Divina!
Caríssimos irmãos, o que seria de nossa vida sem um Deus Visível? Estaríamos questionando, como o fez Lúcifer: “Um Deus que não se vê, não é Deus”! Mas, seus asseclas disseram: “Se pudermos vê-Lo acreditaremos!” Por isto, não obstante rodeado de mundos maravilhosos, encaminhou-Se para nós, Seus filhos, revelando-Se sem restrições de Sua Individualidade! Finalizar o nosso destino depende do cumprimento da Sua Vontade.
João deu o mais sublime testemunho D’Ele, tanto no Grande Evangelho, quanto na Revelação de Pátmos: “Como poderia o Pensamento de todos os Pensamentos e Formas ser primeiramente sem Forma?” - Poderão questionar: “um relojoeiro não necessita ser relógio para fazer uma máquina! Se o homem pode formar uma idéia que não lhe seja idêntica, Deus poderia perfeitamente criar o homem, sem ser um Homem”. Ocorre que no Pentateuco não consta: “Deus criou o homem segundo a Sua Idéia”, mas lá está nos dizeres de Moisés: “Fiz o homem à Minha Perfeita Imagem e Semelhança!”
Espírito Santo – Consolador, Guia e Doutrinador. “O Consolador vos conduzirá à Verdade Eterna!” Donde virá? Quem é? Quem poderá ser o Consolador Prometido por Jesus, senão Ele Mesmo? Qual foi o seu último recado? “Sou o Senhor Teu Deus”? NÃO! Mas, “Filho, busca-Me, deixar-Me-ei encontrar dando-te o que almejas. Mas busca-Me no desejo do teu próprio coração!” E para todos servem as palavras do profeta: “Deveis ser ensinados por Deus, ou seja, deveis alcançar a Sabedoria Divina através do amor vivo e ativo para com o Pai e o vosso próximo!” “Esse Amor Sou Eu Mesmo, e o Meu Espírito substitui a Minha Ausência Física. Por isto Estou não só entre vós, mas em vós mesmos!” Amém! Amém!
Fraternalmente,
Thalízia dos Reis