Analisando literalmente, esse texto está sujeito a questionamentos. Quantos não indagam: “Enviar um filho para a morte, ainda mais na cruz?”. O texto aí está e foi mencionado pelo Revelador das coisas espirituais. Não estariam aí ocultas verdades mais profundas? Para encontrá-las temos que saber a relação justa entre Pai e Filho, semelhante à relação entre Amor e Sabedoria. O Pai é o Amor e o Filho é a Sua Sabedoria. Desta forma, ao se referir ao Filho Unigênito, João falava da Sabedoria, o Cristo. Salomão classifica A Sabedoria de Irradiação do Deus Altíssimo, que representa O Amor do Pai, pois nada mais elevado e sublime do que O Mesmo. Em outros textos Salomão dá à Sabedoria atributos personificados: Esposa Fiel, Amiga Dedicada, Sábia Conselheira, Espelho Sem Mácula. Embora sendo uma Só, tudo pode, é imutável, e tudo renova. É ela quem forma os amigos de Deus e os profetas. E Jesus testemunha de Salomão dizendo: “Tudo quanto Salomão suplicava encontra-Se diante de vós em carne e osso”.
Caros senhores, fiz essa digressão falando da Sabedoria para deixar claro o que vamos abordar sobre o texto em questão: “E Deus amou tanto ao mundo, que lhe deu o Seu FILHO UNIGÊNITO”. Creio estar claro que o Unigênito não constitui uma segunda Divindade, tanto que Jesus afirma: “Aquele que Me enviou não O fez como se enviasse um homem ao mundo; fê-Lo de tal forma que O Emissor e O Enviado constituem Uma só Pessoa e Eu Sou o invólucro de Nós Ambos”. Está claro que Os Dois Espíritos são Um Só. Como é possível? Amor e Vida não são uma só coisa? No entanto são duas: O Amor é a Base e a Vida o Efeito, assim como Luz e Sabedoria são uma só coisa, no entanto, são duas. A Luz é a Causa e a Sabedoria o Efeito. Do Amor, da Vida surge um outro elemento que é a Ação ou o Poderoso Espírito, assim como da Luz, da Sabedoria surge a Ordem, mantenedora e conservadora da Vida.
Sempre que Jesus abordava assuntos mais profundos dizia: “Abram vossos corações, porque tais assuntos não se prestam para os vossos sentidos externos”. Nossos ouvidos só ouvem aquilo para o qual foram treinados, por isto temos que aprender a ver e ouvir com o sentimento.
“Eu Sou o Servo e o Senhor de Mim Mesmo, Sou o Objeto e o Subjeto, o Alfa e o Ômega, portanto o Princípio e o Fim de Toda a Eternidade. Em virtude desta Minha capacidade objetiva e ao mesmo tempo subjetiva, posso perfeitamente existir entre vós como Homem pelo poder da Minha Vontade e Sabedoria, permanecendo, contudo, o Objeto Real, Eterno, Único e Vivo diante da Criação”. Os discípulos admirados dizem: “Senhor, sabes o quanto somos fracos e impotentes, fale-nos mais claramente sobre Si para que não obstante ao lado da Luz Completa permaneçamos em nossas trevas”. E Ele, como sempre Misericordioso, prossegue dizendo: “Atualmente como Homem Sou o Subjeto e como tal Sou Inferior e Submisso ao Próprio Objeto Eterno, que é o Espírito Santo em Mim. Em conseqüência desta Minha Obediência Incondicional, tornou-Se possível a Minha Encarnação”. Por isto, Jesus sempre dizia: “Nunca fiz a Minha Vontade porque Eu e o Pai Somos UM AMOR, UMA SABEDORIA, UMA VIDA, UMA FORÇA, UM PODER E UMA ÚNICA GLÓRIA ETERNA”.
Meu caros, convenhamos que só pode existir um Direito de Realeza Divina; se existissem três Realezas o Reino Uno e Infinito de Deus estaria esfacelado e sua permanência seria tão pouco imaginável, da mesma forma ser impossível a existência de três espaços infinitos. Só pode existir, logicamente, um Reino, um Deus Soberano, como dizia Ele Mesmo pela boca do profeta: “Somente Eu Sou o Senhor Teu Deus, a outrem não dou esta Honra”. Já fora dito: “Diante do Meu Nome todos terão que se curvar no Céu, na Terra e debaixo da Terra”. Jesus, o Homem de Nazareth, foi apenas o Ponto Central Externo da Sua Divina Natureza.
Caros irmãos, só através do cumprimento de Sua Promessa de nos dar a Luz Completa e falar sobre Si Mesmo sem restrições é que podemos compreender a maravilha do Seu Plano Criador e Libertador. Por acaso Sua Vinda e Morte foram uma exigência de Deus para a salvação do mundo? Como poderia alguém exigir-Lhe algo se além de Jesus não existia nada e aquém só dúvidas, incertezas, angústias e morte? Eis o testemunho do Batista, semelhante ao do Evangelista: “Após mim virá Um Homem que era Primeiro que eu”. João, o Batista, reconhece Nele o Cordeiro Divino, e que antes da Criação dos primeiros seres, nada existia no Espaço Infinito, a não ser o ESPÍRITO DE JEOVAH QUE ALI SE ENCONTRAVA “IN TOTUM” às margens do Jordão. Três fatores exigiram a Sua Encarnação: Primeiro – para os caídos, pois em virtude da queda dos primeiros seres, dentre eles, Lúcifer, uma grande legião de espíritos posteriormente encarnados surgidos dele, porém criados por Mim, tomaram uma direção que os destituía da Pátria Eterna. Persistindo tal situação, qual seria a condição da humanidade total? – Semelhante à ovelha perdida e jamais encontrada. O segundo fator: TORNAR VISÍVEL A DIVINDADE, colocando um término à Lei do Deus Invisível e ao questionamento: “Um Deus que não se vê não é Deus”. O terceiro fator: coroar a Fé daqueles que, não obstante presos à esfera negativa, estavam fiéis a Mim. Eis a condição de todas as almas que viveram antes Dele, pois a morte não devolvia a sua presa. Em aceitando a carne, criou-se uma nova polarização para alma e espírito, tornando-se possível o Renascimento do espírito humano no Espírito Original, Deus Mesmo.
Sua Encarnação provou que o máximo poderia ser alcançado: ultrapassar a matéria, demonstrando que a Vida não está na mesma, mas no espírito, levando os homens a se afastarem da matéria e de seus prazeres. Quando Jesus diz: “Lázaro venha cá”, a Divindade Nele não mais aprisionava o Seu Amor e Misericórdia numa Vida insondável. A Divindade chorou na época de Moisés? NÃO! Em compensação, nenhum pecador foi redimido e nenhum espírito ressurgiu da tumba. No texto: “E Jesus Chorou”, Sua lágrima representa uma Piedade do Eterno Amor em Deus. Depois de todas essas considerações reveladas do Grande Evangelho de João não há como negar que Jesus não veio apenas nos mostrar o Pai, trouxe-O Consigo e tudo se nos torna de fácil entendimento se conseguirmos ler a Obra com o coração, fazendo a conexão entre a pessoa física do Messias e o Deus dos Patriarcas.
Conta-se que a esposa de um diplomata inglês achava-se em Bombaim, na Índia. Uma tarde palestrando com várias senhoras hindus, não cristãs, convida-as a falarem do amor de Deus, citando exatamente o texto em questão: “E Deus amou o mundo de tal forma que lhe deu o Seu Filho”. Uma das indianas disse: “Senhora não considero isto amor”. “Por quê?” - Indaga surpresa a européia. “Eu amo - diz a oriental - enternecidamente meus filhos com verdadeiro amor de mãe, e não daria nenhum dos meus rapazes e moças para morrerem por alguém, por mais querido que fosse. Eu não posso chamar isto de amor. É preciso encontrar uma palavra mais forte, mais sublime, maior para justificar tal atitude.”
Bem caros irmãos, seja do oriente, do ocidente, cristão ou não cristão, quem tem olhos e ouvidos que veja e ouça. Amém! Amém!
Cordialmente,
Thalízia dos Reis