Felizes, os Discípulos comentavam os Seus Feitos e até Rafael era alvo de elogios, pois muito trabalhara. Um dos presentes disse: “Senhor, se fosse possível permanecer na Tua Companhia e do Teu servo Raphael, eu desistiria das mais profundas bem-aventuranças dos Teus Céus. Julgo ser o convívio direto Contigo o maior de todos os privilégios. Tendo a Ti, por que e para quê todos os outros conhecimentos e fenômenos da Natureza, se do Alpha ao Ômega tudo é projeção dos Teus pensamentos e idéias, fixados pela Tua Vontade Onipotente?!”

Jesus, como sempre, respondendo àquele homem nos dá um ensinamento fundamental, para nos conduzir ao conhecimento da Sua Tríplice Natureza: – “Meu caro, a máxima bem-aventurança não provém da Minha Personalidade mui simples, que Me faz homem como qualquer um de vós. Mas no reconhecimento cada vez mais claro e perfeito das Minhas Infinitas Perfeições que se evidenciam nas Minhas Obras sem número e sem medida.” Com isto, Ele afirma ser Ele a Causa de todo Ser e Vida e quem não O amar no coração como Deus não poderá ver o Reino dos Céus.Por acaso, não Se apresentou Ele fisicamente, testemunhando ser Quem era?

Certa feita Lhe disseram: “És galileu e sábio a teu modo; da Galiléia por acaso surgirá um profeta? Consta que não! Então, como entender-Te?” Jesus viveu, sim, a maior parte da Sua vida na Galiléia, mas nasceu em Belém; no 8o dia foi Circuncidado no Templo, conforme a Lei. Por isso, poderia sim, ser um profeta, mas não O era porque no Seu Peito habitou e habita o Espírito D’Aquele que falara aos profetas. E mais, deixou bem claro diante dos judeus ser a Causa de todas as causas quando disse: – “Antes que Abrahão existisse Eu Sou! Sou o Próprio Senhor e Mestre e não servo, embora tenha vindo para servir a todos! Agora sabeis Quem Eu Sou?”

Vejamos esse episódio: – Após a Sua Ressurreição todos gritavam: “Ele vive! Ele Vive!” Apenas Maria Madalena permanecia tristonha e em silêncio, indagando a si mesma: – “Vê-LO, ouvi-LO e não poder tocá-LO...” Isso era demais para o seu coração vibrante de amor! João vê o grande conflito íntimo de Maria. Aproxima-se e lhe diz: –“Maria, hoje, o nosso Mestre só pode ser tocado por um Amor Espiritualmente Celeste; transporta-te à Sua Esfera espiritual; renuncia a teu amor e não julgues ser Jesus hoje, um homem igual a nós. Não deves continuar amando-O como homem de Nazareth, através dos teus sentidos; ama-O como Espírito Puríssimo apenas no coração. Só assim Ele há de Se revelar a nós segundo a Sua Promessa – ‘Ficai em Espírito Comigo, que estarei não só entre vós, mas em vós mesmos!’” Tudo o que Nele era terreno e humano se Divinizou. A Centelha Divina dentro de cada um indicará a direção, estimulando-nos para agir como Ele pede.

Meus caros, a nossa caminhada espiritual só inicia quando compreendemos que o seu Eu não é a Sua pessoa física. Por isto, não podemos a ela nos apegar, buscando Aquele que é a Rocha Espiritual sobre a Qual se apóia tudo que existiu, existe e existirá. Paulo dizia – “E bebiam da água da Rocha Espiritual: O Cristo!”

O que é a Transfiguração? É passarmos de uma condição para uma outra condição mais grandiosa e nobre. Vejamos esse exemplo: – Como amantes de artes e ciências, chega até nós a notícia de que num país longínquo existe um grande arquiteto e escultor. Vamos ao seu encontro; em lá chegando, não nos é difícil encontrá-lo. Durante a viagem criamos idéias fenomenais a seu respeito; sua estatura deve ser impressionante, sua voz suave e assim por diante.

Quando O conhecemos, surpresos, vemos tratar-se de um tão simples e despretensioso homem. Sua personalidade não traduz toda aquela Grandeza. Sentimo-nos felizes na companhia do maior arquiteto e ele, comovido, nos diz: – “Louvo vosso sacrifício, procurando-Me pessoalmente. Por isto, vou levar-vos a uma outra cidade, porque esta mansão ilustra muito pouco as Minhas Obras.”

Acompanhamos o simpático artista, que permanece simples, despretensioso. À medida que avistamos a referida metrópole, seus monumentos, torres, burgos, a nossa visão e imaginação acerca daquele homem se dilata. Sua simplicidade pessoal desaparece na mesma proporção em que surge a Grandiosidade do Seu Espírito, Sua Perfeição refletida em Suas Obras. Nossa admiração cresce ao perceber que todos se curvam e O cumprimentam. Eis aí a Transfiguração, conduzindo-nos à Esfera Espiritual D’Aquele Homem! Fato idêntico ocorreu na íngreme montanha do Monte Tabor, que significa O Mais Elevado e Profundo Conhecimento de Deus, demonstrando que só na Sua Companhia penetramos na Sua Tríplice Natureza. Tanto que Pedro Lhe indaga: “Senhor, estamos no Céu ou no Paraíso?” Ele afirma encontrarem-se simplesmente na Terra, mas ao mesmo tempo achavam-se em ambos, “porque vossos íntimos estão repletos do Bem e da Verdade, levando-Me a Transfigurar-Me em vossos íntimos!” Novamente Pedro exclama em êxtase: “Oh Senhor, Meu Deus, como é bom estar de posse da Tua Natureza Integral como Pai, como Filho, como Espírito Santo!” Amém! Amém! Amém!

Paulo sentiu, em espírito, o Senhor Jesus transfigurar-Se dentro dele quando disse: “Não mais vivo eu, Cristo vive em mim!”

Caros irmãos, achamos oportuno transcrever aquilo que Getúlio Targino Lima um dia expressou com tão profundo sentimento em relação ao Monte Tabor:

 

I

Tabor, Tabor, Tabor

é o Monte do Senhor.

Lugar Sagrado e eficaz

de Luz, Sabedoria e Paz,

visão que satisfaz

 

II

Tabor é o conhecer

do verdadeiro Ser.

Tabor é o desvendar do Bem,

da tríplice missão de Quem

amou-nos desde o Além

 

III

Tabor é toda luz

do nome de Jesus.

Tabor é Transfiguração.

Tabor é alívio e compreensão

da Divinal missão

 

IV

Do Alto do Tabor

vi Deus, o Pai de Amor.

Vi Deus, o Filho – Luz Real.

Vi Deus – Vontade Espiritual

Trindade: Deus total!

 

Cordialmente, 

Thalízia dos Reis