“Operação que se faz para inserir numa planta parte de outra planta para que a primeira produza frutos e flores da segunda.” Vejamos aqui uma figueira e ali uma ameixeira. Poderá a segunda aprender da outra a arte de produzir ameixas ao lado dos figos? A nossa inteligência nos diz ser inteiramente impossível. Mas se apanharmos galhos com sementes da figueira, cortarmos a ameixeira, inoculando-os com terra e resina, a seiva da ameixeira transformará a vida da figueira, que em pouco tempo produzirá figos bons e sadios “na ameixeira”.

Meus caros, David representa de um modo geral o espírito humano, condenado a não ver Deus pela Lei antiga. Sua situação era irreversível, e o salmista expressa toda angústia do espírito humano no Salmo 6, Oração de um Penitente: “Senhor, se estou morto como posso lembrar-me de Ti, no sepulcro, como glorificar-Te? Todo meu ser está abalado e os meus ossos, conturbados. Inundo meu leito com pranto e os meus olhos se anuviam” – Sentindo-se órfão na face da Terra, o espírito suplica para que sejam restaurados os privilégios do Santuário, quer dizer, que lhe seja conferida a dignidade de ser novamente o portador de luz. Finalmente, o espírito reaviva a sua Esperança: “Por que estás abatida, ó alma minha e gemes dentro de mim? Esperemos em Deus! Um dia O aclamarei como Salvação de minha face!” David não foi compreendido; por falar muito sobre seus inimigos, suplicando morte, condenação para os mesmos, o salmista não se referia aos adversários externos, mas internos. Como poderá David, homem segundo a Sua Vontade, pedir Justiça quando Ele nos ensina pedir por Misericórdia?

Voltando à condição do espírito humano, não havia a menor possibilidade de uma aproximação para junto D’Ele, uma vez que o Senhor, que é Justiça em Deus, não o permitia, na Sua Santidade.

O espírito do orgulho e presunção de Lúcifer estavam com Adão, mas não somente o orgulho o endureceu aos Olhos de Deus e sim a subseqüente sabedoria, tanto que Deus disse a Adão: “Se tu caíres outra vez, Eu vou dar a cada criatura um espírito novo surgido diretamente de Mim. Se agora Sou um Espírito da Graça entre vós, posteriormente, na época das épocas, serei um HOMEM entre os homens! Por que não Me é dado esse direito, se a Entidade Formal é Uma Só e vós sois a Minha Imagem e Semelhança?” – “Se encontrares quem és tu, saberás Quem Eu Sou e Como Sou” – Sua Doutrina se resume no conhecimento de nós mesmos, da nossa trindade humana de espírito, alma e corpo, como preconizava a Sabedoria antiga. De início, temos que nos convencer e assimilar essa verdade: “Alma e espírito não são uma só coisa, como apregoam! Se não soubermos fazer essa diferença, como vamos distinguir o homem material do espiritual e sabermos o que é o Reino de Deus?”

A alma é o invólucro da vida de Deus, o espírito vem D’Ele e contém em proporções diminutas tudo quanto existe em Deus, em proporções ilimitadas. Sem tais conhecimentos de nada adianta toda Doutrinação porque tudo se dirige ao espírito no coração da alma. Esta, de origem material, por mais sábia, não penetra as cousas mais profundas do Seu Reino. Ela tudo observa de um modo lento e cansativo, enquanto o espírito, num relance, abarca um Sol Central e até mesmo um sem número de tais astros.

Se corpo e alma possuem órgãos e necessitam de alimento, o espírito adormecido no coração da alma também possui órgãos espirituais correspondentes e necessita de nutrição. Do solo surge o alimento para ambos; e o espírito? Como alimentá-lo? Pela aceitação da Sua Vontade por parte da alma, unida à Fé Viva surgida do Amor, que é a única realidade dentro do homem. Amor para encontrá-LO; Humildade para servi-LO. Através das lutas e esforços da alma, no coração do espírito abre-se um pequenino invólucro, onde é depositada uma centelha do Puríssimo Amor do Pai; Esse quinhão a mais, que podemos traduzi-Lo como Enxertia Espiritual, à medida que amadurece pelo calor do Amor, dentro do Santuário, com facilidade rompe o invólucro, e como se fora uma corrente sanguínea derrama-se em todos os órgãos do espírito humano unindo-o ao Espírito Original que é Deus Mesmo.

O grande milagre que ocorre com o Enxerto no campo da Natureza dar-se-á no campo do espírito, produzindo frutos para a Vida Eterna! Como vemos, a Redenção não é Obra humana, mas Divina. Aqui existem duas espécies de criaturas, as chamadas Almas do Alto, oriundas de outros corpos cósmicos, e as Almas de baixo, oriundas desta Terra. As de baixo recebem um acréscimo especial, mais propriamente um Enxerto ou um espírito D’Ele, podendo atingir a semelhança com o Pai Celeste. Às Almas do Alto, que passam pela Terra, tal acréscimo não lhes é conferido, possuem dentro de si um espírito forte, a força criadora. Os seres dos demais planetas são de índole melhor do que os terráqueos, porém jamais atingirão o ápice perfeito e divino dos filhos desta Terra – espiritualmente a mais afastada, atrasada e distante de Deus – poderão se tornar os mais perfeitos e semelhantes ao Pai, caso o queiram. Por tal motivo escolheu Ele esta Terra, para palco de Suas Infinitas Misericórdias, e mais, aqui recriou um Novo Céu e uma Nova Terra! Não materiais, refere-se ao espírito novo, ao Enxerto Espiritual, restabelecendo a honra e a dignidade do espírito humano, o direito de chamá-LO: “Pai, Meu Santo e Querido Pai, nós Te amamos!” 

Hoje, a Terra é o Ponto Central da Vida Eterna, porque está no Coração do Grande Homem Cósmico. Embora Onisciente, Onipresente e Onipotente, Eu só posso Me Manifestar Fisicamente onde existe um grande e profundo Amor para Comigo. Assim, só poderia encaminhar-Me para esta Terra! No fraco Eu Sou Forte, e no forte Eu Sou Fraco! – “Nada faço sem motivo mui justo. Como médico experimentado e inteligente, conheço o nervo atormentado do Grande Homem Cósmico, por isso Me aproximei desta Terra! Vou curá-lo!” Amém! Amém!

 

Fraternalmente, Thalízia dos Reis