Sim! Mas não para todos! Intransponível para os que O buscam na noite do tempo e na treva de sua alma, como o fez Nicodemus. Os pobres O buscavam durante o dia; os poderosos, à noite, receosos de passarem por fracos. Materialista, Nicodemus considerava o corpo materno indispensável para um segundo nascimento, por isto não compreendeu quando Jesus lhe disse: “é preciso nascer de novo”! O Senhor dá ao fator “Renascimento” maior importância do que à “reencarnação”, ou vidas sucessivas, inibidoras de qualquer esforço evolutivo.
“Eu Sou a Luz.” É compreensível a impenetrabilidade da Luz que O envolvia, porque era a Luz da Humildade e Submissão de Deus Mesmo um horror para a mente altiva do homem que se alegra com um Creador semelhante. Para os fariseus, Sua Luz era e é Impenetrável, Inconfundível; se possuíssem um justo grau afetivo, de há muito O reconheceriam, porque o Amor desperta o Amor! Vida e Amor são uma só coisa, no entanto são duas: o Amor é a Base e a Vida, o efeito. Como Luz e Sabedoria, são uma só coisa, no entanto são duas: A Luz é a causa e a Sabedoria, o efeito.
Sendo a vida de origem espiritual, só a assimilamos pelo espírito, e cada busca nossa terá que ser acompanhada da Verdade mais pura no pensar, querer e agir. Eis a grande realidade por nós enfrentada no Além: tudo o que fizermos, secretamente nesta Terra, será revelado minuciosamente diante de milhares de olhos e ouvidos. Rocklus, chefe dos essênios, cujo princípio era considerar tudo justo visando uma finalidade, indaga-Lhe aflito: –“Senhor, o que fazer para reestruturar o nosso grêmio de acordo com a Tua Vontade? Conheces a minha vida desde o berço, jamais prejudiquei alguém, visando sempre o bem da Humanidade!” – “Meu caro, nem Deus poderá ajudar-te se procuras justificar-te mesmo antes de uma justa elucidação!” A Sabedoria Divina jamais será contrária à razão humana salutar, equilibrada e sem preconceitos.
“Meu Reino está no coração do homem, e quem lá penetrar terá que estabelecer um local de paz e de Humildade. Não deveis formar idéias vagas e infinitas dos Meus Céus, mas imaginá-Lo modestamente como existem habitações camponesas.” É mais fácil organizarmos uma casinha do que um palácio de aspecto vazio, ainda que repleto de objetos preciosos. Da mesma forma, não projeteis um Céu distante, mas próximo, seu percurso mede no máximo três palmos, a distância da cabeça ao coração. Como vês, faremos uma descida e não uma subida para o Céu da Vida no nosso Amado Pai Jesus.
Quando a alma indaga pelo Reino de Deus, se assemelha a uma pessoa dentro de sua própria casa, indagando pela sua residência. Nada é tão desconhecido para esta alma do que ela mesma. Suas Palavras e Promessas tocam o espírito, jamais a carne; à perfeita libertação da centelha divina no coração da alma é preciso algo mais daquilo que Ele nos dá, como indispensável à nossa existência; necessitamos de outras capacidades não conferidas por Ele, mas através das lutas e esforços da alma, e para tanto deu-nos o Seu Verbo Revelado. Não devemos apenas agradecer, mas juntar à gratidão o reconhecimento de que somos servos inúteis e necessitados do Seu Zelo Constante.
Certa feita, um pretenso sábio questiona a Sua Fidelidade: “a quem promete riqueza, Ele dá pobreza. Promete saúde e permite longas enfermidades. A quem Ele ama é tentado e punido; os fiéis à Sua Palavra, permite passarem por aflições; e os que O amam, são perseguidos, caluniados. Sendo Infiel nas Suas Promessas, certamente o será com relação aos pedidos” – João, representante do Amor de Jesus para com Seus filhos, é quem dá àquele sábio a seguinte Parábola: – “O Senhor edificará uma casa nova e uma nova cidade descerá vivamente dos Céus, e os que habitarem a nova casa, a cidade e suas casas, serão maiores do que tudo isto em conjunto; tudo se curvará diante de seus habitantes. Mas a casa será pequena por fora, tanto maior por dentro. Seus habitantes serão revestidos com a veste da filiação divina”. – Dentro do critério humano, trata-se de uma estultice, uma casa construída pelo Senhor, menor que seus moradores, pequena por fora, tão imensa por dentro? Ocorre existir uma Sabedoria que transcende ao mais arguto intelecto, senão vejamos o que nos diz João, a quem o Pai conferiu o dom da Sabedoria, “conseqüência do seu amor para Comigo”! A Nova Casa é a Nova Revelação que Ele Pessoalmente edifica no coração da criatura. A Cidade que desce do Céu é Ele Mesmo, em Espírito e Verdade, conforme prometeu: “Estarei não só entre vós, mas em vós mesmos!” Cabe-nos penetrar nesta Revelação que “Tu como Jesus Cristo é Deus Único e Senhor de Céus e mundos”. De posse desta Verdade Básica, fá-lo-emos com todos os demais conhecimentos que se convergirão para a Luz Original. A casa pequenina por fora, e tão imensa por dentro, é a Sua Palavra Viva, aparentemente tão pequena mas contém em Seu Íntimo a dimensão do Infinito. Muitos aí estão aguardando a descida da nova cidade, a Jerusalém libertada que já se encontra entre nós. A Nova Jerusalém é o espírito Renascido N’Ele e por Ele. Quão poucos ouviram o sussurro delicado de Sua descida; para esses Sua Luz não é Impenetrável e Intransponível!
Tanto o Novo quanto o Velho Testamento testificam do Homem de Nazareth, e por que não? Se D’Ele surgiram todos os seres limitados por tempo e espaço? Não poderia Ele Mesmo limitar-Se dentro de um Corpo sem perder algo de Sua Onisciência, Onipresença e Onipotência? Espaço e tempo não emanam D’Ele? Um pintor que reproduz milhares de formas em cores não é capaz de pintar sua própria figura? Por que supormos tal Obra impossível a Deus que diz: “Fiz o homem à Minha Perfeita Imagem e Semelhança”?
Fraternalmente,
Thalízia dos Reis