“Se possuíres um justo grau de amor, de há muito ter-Me-eis Reconhecido, porque o Amor desperta o Amor, a Vida clama pela Vida” – Assim Jesus classifica os fariseus de cegos, surdos e insensíveis! Por ignorância? Não, por conveniência, uma vez que Ele não correspondia às elevadas exigências de suas mentes mundanas.

De que vale a visão quando falta a percepção? “Oh, se me fosse possível vê-LO! Haveria de louvá-LO com todos os salmos de David, e os cânticos de Salomão”; mas o que nos traz mais felicidade, a visão momentânea de Sua Pessoa, ou a certeza íntima de que Ele está sempre Presente? O Seu último recado não foi este: “Sou o Senhor, Teu Deus”, mas, “filho, busca-Me, deixar-Me-ei encontrar, mas busca-Me no ardente desejo do teu coração” –

Caros irmãos: – Acaso Jesus veio apenas nos mostrar o Pai, ou trouxe-O Pessoalmente Consigo? A nossa alma necessita se convencer desta Verdade Básica, através do Seu Verbo Revelado, que constitui para ela um socorro externo, podendo emancipar a sua centelha divina, o espírito, que a conduzirá ao pleno conhecimento de si mesma, sua finalidade e destino. Consta que não existe nada mais desconhecido para a alma do que ela mesma.

Foi justamente por isto que Ele veio Pessoalmente nos devolver o conhecimento próprio, condição indispensável para nos apossarmos das Verdades mais profundas da Vida Eterna e interna. Este justo Matrimônio Espiritual que se inicia com o nascimento do homem tem sido muito prejudicado, uma vez que só se preocupam com o desenvolvimento da alma pelo desenvolvimento físico. E o espírito? Permanece como embrião dentro do ventre materno, sem ser fecundado; portanto, morto! Ambos terão que progredir conjuntamente, de sorte que um se encontra na justa dependência do outro. A evolução se faz, parte pelo esforço da alma, parte pelo esforço do espírito. Não disse Jesus: “Busca primeiro o Reino de Deus e Sua Justiça, que tudo mais lhe será dado por acréscimo?” Os acréscimos são justamente capacidades mais profundas, ou seja, uma percepção para compreendermos a vida e seus mistérios.

É perfeitamente compreensível que o homem perceba Deus em Suas Obras, sem contudo deixar-se tragar por elas como os naturalistas. David O exaltava dizendo: – “Senhor, quão grandiosas são todas as Tuas Criações, contemplá-las é um gozo infindo” – Assim nos beneficiaremos física, psíquica e espiritualmente. Por que a criatura só consegue imaginar a Divindade como algo excepcional, por que não imaginá-LA mais humana? E caso possua forma só pode ser a forma humana, “porém deve brilhar mais do que a Luz de mil sóis”! Ocorre que o Pai não ofusca, justamente para podermos permanecer ao Seu Lado sem constrangimento. O coração humano ocultando noções de orgulho, domínio, não consegue imaginar um Deus Visível, Audível, pois Sua Voz deve ressoar como um trovão! O motivo se prende à visão do mundo material tanto em sua extensão quanto na organização. Por exemplo: o céu estelar testemunha o Ser Supremo de dimensões gigantescas; o Sol prova a Sua Luz; a Terra, Seu Poder e Força. Chamam-No de o Grande e Poderoso Deus, Criador do Infinito, Guia dos mundos; esses Me louvam externamente, mas os que dizem: “Meu Santo e Querido Pai”, louvam-Me no coração.

Por que a Divindade deveria corresponder à Grandiosidade de Suas Obras, se os homens de estaturas normais realizaram e realizam obras gigantescas? Vejamos o Egito, repleto de Obras colossais construídas pelos grandes sábios da antiguidade. Os chineses construíram suas muralhas com centenas de milhares de milhas para proteger o seu país! Por que o Cristo deveria ser um gigante quando aqui esteve Pessoalmente e realizou a Sua Obra de Salvação? 

Paulo escreve à comunidade em Laudicéia: “Quando estava entre vós, vossos filósofos me perguntaram qual a diferença entre Deus e Seu Filho Jesus! Tomando da palavra, disse-lhes: “Deus é UNO e Cristo é UNO! Se há Um Só Deus também só há UM Cristo! Qual a diferença entre Deus e Cristo? Deus é o Amor, e Cristo é a Sabedoria em Deus, ou a Luz, a Verdade, o Caminho e a Vida Eterna!” – Hoje, meus caros irmãos, o testemunho válido não é mais este: “O Reino de Deus veio até nós”, e sim, “não mais vivo eu, Cristo vive em mim”. – 

A Individualidade Infinita e Finita de Deus continua sendo a pedra de escândalo no caminho dos fariseus de hoje. Judas indaga: –“Senhor, como Te é possível submeter-Te a Uma Forma limitada, sendo Quem És? E o Espaço Infinito continua existindo em Sua Natureza Infinita, Imutável? Como Te foi possível Deus Infinito, tornar-Te Finito? – Sua resposta é a Luz para as nossas almas em trevas: “Julgas que Este Corpo possa enfeixar-Me? Embora num Corpo limitado, o Meu Espírito preenche o Espaço de toda sorte de seres. Este Espírito, é claro, possui um Ponto Central de Irradiação que é o Meu Coração Paternal! Assim, a Divindade Se torna Visível como Pai, que foi, é e será o Seu Amor Eterno. 

Por isto, não Me meçam pela Minha Irradiação de Luz Infinita, e sim pelo Meu Amor! Por acaso, os astrônomos medem o Sol pelos seus raios? Onde haveriam de encontrar uma medida exata, se os raios penetram pelas profundezas do espaço, aumentando de segundo em segundo? A não ser que o Amor Divino decida colocar um limite, onde se esbarram, iniciando o seu caminho de retorno à Fonte Original, porém intensificados!

Ouçamos o que diz o Sol: – “Desde eras imemoráveis projeto os meus raios ao Infinito, por acaso minha luz enfraqueceu-se?” Pelo contrário, a Luz se recupera a cada instante através dos pontos de convergências. Jesus foi o Objeto material que nos trouxe de volta a Luz! “Eu Sou a Luz!” Quando Moisés disse: “Que haja Luz!” Na Terra? Esta não é receptora de Luz, e jamais poderia estar nas trevas quando foi projetada, por ser filha de um Sol Central Primário. Que faça Luz nas almas! Estas, sim, são receptoras de luz! Os cientistas medem o próprio Sol, sua medida é justa. “Assim”, diz Jesus, “Eu também tenho a Minha Justa Medida, é o Meu Amor transformado em Carne.” 

Se muitos O viram, sem vê-LO, Abgarus Ukkana, príncipe em Edessa, Lhe escreve: –“Oh Senhor, quem pode conceber a grandiosidade do Teu Amor? Sóis, Terras, Luas, Estrelas, tudo ouve a Tua Voz. Não fosse eu paralítico, de há muito estaria aí, Contigo, mas meus pés entrevados nada representam diante da Graça Imensa que Me concedes de poder Reconhecer-Te!” Eis a Sua Resposta: “Meu querido filho e irmão Abgarus: dentre todos os Meus Discípulos e Apóstolos, e mesmo em toda Israel jamais encontrei Fé semelhante. Jamais vistes a Mim, no entanto Me vês em Verdade!”

“Filipe, segue-Me!” Este, sem indagar para onde, Me segue! – “Sabes que estamos seguindo o Messias?” – “Isto senti no meu coração quando me chamou!” –

Só O Reconheceremos na Sua Verdadeira Identidade Espiritual quando Ele Pessoalmente nos diz: “Segue-Me!” Amém! Amém!

 

Fraternalmente,

Thalízia dos Reis