Caros Irmãos: habituemo-nos a observar os fatos externos partindo da relação interna, que as dúvidas não nos perturbarão quanto à Bondade do nosso Pai! Ele jamais teve a intenção de julgar um espírito, mas a recíproca não é verdadeira, “Sou, a cada instante, julgado, criticado, quando não Me chamam ao tribunal da Humanidade. Como Único Mestre de sóis, planetas, espíritos e criaturas, não Me nego a ensinar tanto o verme no pó, quanto o mais elevado Querubim. Os homens amaldiçoam os que se opõem à sua vontade! Eu abençôo até mesmo as pedras, alegrando-Me com o pecador arrependido”. Como imaginarmos surgir D’Ele um Pensamento mau, uma Idéia, injusta? Sendo assim, de onde surgiu o mal? São indagações humanas, mas inteligentes. Paulo transporta à Sua esfera espiritual e afirma: “O Amor de Deus me constrange”. E o fez em meio às lutas, açoites, perseguições, concluindo que tudo é Graça e Misericórdia.
Quão errôneas são as noções acerca do Messias e do Seu Reino! Se fizermos a conexão entre a Sua Pessoa Física e o Deus dos Patriarcas, não teremos dificuldade em reconhecê-Lo como o Jeovah do Sinai, que não só curava o físico, mas a alma, despertando a sua compreensão, varrendo as superstições dos corações, conquistando maior admiração do que através dos milagres. Demonstrava-Se Senhor e Mestre sobre a Natureza, obedeciam-Lhe os quatro elementos, o Cosmo e os anjos celestes. Mas a indagação persiste: “Quem foi o Nazareno?”
Consta na Escrita que quando estiveres na Terra, os Céus estariam abertos, e os anjos subiriam e desceriam para Te servirem. Como devemos interpretá-Lo? “Se quiserdes interpretar tal dito profético materialmente, vede Raphael ao Meu Lado e tantos outros servindo-Me. Esta passagem contém outro sentido, aliás, o unicamente verdadeiro. O Reino do Céu, ou seja de Deus, não consiste em pompa externa para o homem, mas está dentro dele. “Quem alimentar um justo e verdadeiro amor para Comigo e ao próximo constitui o próprio Céu aberto, e o próprio Anjo que sobe e desce entre Mim e ele!”
Novamente, indagaram-Lhe de onde surgiram o pecado, a ira, inveja, domínio e impudicícia; “Do Meu Ponto de Vista não existe nenhum mal, o que ocorrem são externações diversas da Minha Vontade, e esta é Boa, Justa, Amorosa tanto no inferno como no Céu, construindo ou destruindo”. N’Ele, tanto o positivo quanto o negativo são bons; com o positivo Ele cria, e no negativo organiza e conduz tudo o que fora criado. Para nós, criaturas, só Uma coisa deve prevalecer e ser considerada boa: a parte relacionada ao positivo, assim estaremos não só ao Seu Lado, mas com Ele e N’Ele. Desde Adam até hoje, o que não tem sido feito para o nosso retorno à Antiga Ordem deturpada. Desde a Sua Encarnação, até os Ventos levam aos quatro cantos da Terra a Sua Doutrina. Ah, meus caros, se Deus fosse apenas Deus, jamais algo teria sido criado, existiria apenas um Pensamento Infinito visível só para Ele. Constituiria isto felicidade para Deus? Se não existisse um ser para com Ele se alegrar e finalmente exultar-se de sua vida livre, em Deus?
“Que haja Luz!” Moisés não ordenava à Terra física, mas à alma; estava sim, é a grande receptora da Luz. Cumpre-se agora o Primeiro Dia da Criação, e a Luz Completa veio a nós pelo Seu Verbo Revelado! É um socorro externo para a alma que, de posse do mesmo, encaminha-se para a sua centelha divina, o espírito! Verdadeiramente nutrido, será liberto, e como espírito puro fala sem enganos, como a mais remota testemunha de tudo que existe. “Para o puro tudo se torna puro”, quer dizer, se fores renascido no coração, tudo será puro para ti, verás tudo dentro da Verdade.” Contemplando a matéria, deduziremos que tudo é espírito.
Quem puder, ouça o que diz o Eterno: “Se Deus tudo algema, o Pai tudo liberta como o Eterno Amor em Deus. O Pai de tudo Se desfez, preenchendo o Espaço Infinito com Seus Pensamentos. Nada guardou para Si, deu-nos a Sua Vida! Tornou-Se Pobre! Esta Pobreza, porém, constitui a Sua Riqueza Única e Eterna; sabendo que um dia tudo retornará a Ele, infinitamente enriquecido em Seu Amor.
Catástrofes, terremotos, o desencadear dos elementos em fúria, levavam e ainda levam as criaturas a indagarem: “Senhor, é prudente uma criatura que realiza obras artísticas, de repente tudo destrói, atirando-as à vala para que apodreçam?” “Bem”, diz Ele, “se tal Mestre de Obras age por capricho, vingança, ou outro sentimento qualquer, seria um tolo, digno de maldição. Mas, aliando tudo a uma justa finalidade, jamais alcançada por outros meios, sua atitude é justa, sábia, amorosa” – Vejamos a semente de trigo, obra artística não só pela sua construção, também pelas suas partes substanciais. Não é ela lançada à vala para que apodreça, a fim de reproduzir-se infinitamente? Se o Mestre de Obra determinou para uma simples semente tal organização, por que deixaria o homem de lado, feito à Sua Imagem e Semelhança, podendo atingir a Perfeição do Pai Celeste?
Meus caros, afastemos a idéia de que o Pai possa ser injusto. Um dia vamos desaparecer fisicamente da face da Terra, nos diz a lógica. Indaguemos ao nosso sentimento se deseja viver para sempre; ele dirá, sim. Desejamos não só viver eternamente, mas nos aprofundar amorosa e respeitosamente em Sua Obras sem número e limites. Teríamos esse desejo se fôssemos criados para uma vida temporária? Logicamente que não!
O Seu Regozijo com a Luz criada, conforme consta em Moisés, é o Regozijo com a Sua Sabedoria, projetando seres livres com inteligência própria capazes de reconhecê-Lo e amá-Lo acima de tudo.
Ele deixa cada um dentro do seu livre arbítrio, mas de um modo geral Ele é o Senhor! Amém! Amém!
Fraternalmente,
Thalizia Reis