Do tombadilho espaçoso de um barco, Jesus anuncia a Parábola do Semeador – “Houve um semeador que saiu a semear o bom trigo, e enquanto semeava uma parte caiu no pé do caminho, vieram as aves de rapina e a devoraram. Outra parte caiu entre pedras e pedregulhos, germinou, mas vindo o Sol, secou a semente, por não possuir a devida umidade. Outra parte caiu entre espinheiros, que cresceram mais rapidamente, sufocando a semente. Houve porém uma boa parte, que caiu em solo fértil, deu frutos, alguns cem por cento, outros sessenta e outros mais trinta por cento. Quem tem ouvidos que ouça”. – Se analisarmos literalmente a Parábola do Semeador encontraremos inúmeras incoerências, sabendo que não se semeia em meio do caminho, pedras e pedregulhos e espinheiros. Mesmo os Discípulos se escandalizam dizendo: “Senhor, por que lhes fala desta maneira? Tens a intenção de nos confundir?” – “Se a vós é dado compreender os mistérios do Meu Reino, a multidão lá fora, não! A quem tem (amor) mais lhe será dado, e os desprovidos de amor, ser-lhes-á retirado o pouco que têm, e acrescido ao que tem, para que tenha em abundância”.
Por que falava Ele por Parábolas? Para se cumprir o que consta em Isaías, sobre o Messias: – “Abrirei Minha Boca em Parábolas, e pronunciarei o que foi segredo desde a formação do mundo!” Da mesma forma cantou David em seu Salmo: – “Escuta Minha Doutrina povo Meu, presta ouvido às Minhas Palavras, abrirei Minha Boca em Parábolas, enunciando enigmas dos tempos idos.” – Jesus transmite o sentido espiritual da Parábola do Semeador: – “A pessoa que ouve a Minha Palavra apenas externamente, fora do coração, vêm os pássaros, representados pelas paixões, devoram a semente, que é a Minha Palavra. Os grãos caídos em meio às pedras, são aqueles que ouvem o Meu Verbo e O aceitam, mas à semelhança da pedra, não possuem a devida umidade e terra suficiente; quando atingidas pelas perseguições, lutas, sofrimentos, se aborrecem exterminando a Minha Palavra. A umidade e terra, representam a coragem e uma firme vontade. Embora Eu lhes assegurasse da Minha Presença se deixam abater. – Os espinheiros representam aqueles que se alegram Comigo, e Me aceitam, mas a excessiva preocupação pelo lucro efêmero se acumula mais e mais como ervas daninhas, sufocando a semente. – Finalmente, surge o solo fértil, do coração, onde Sou aceito, na Minha Verdadeira Identidade Espiritual, em Espírito e Verdade, a semente germina produzindo frutos! Cem por cento quem faz tudo por Mim; sessenta quem faz muito por Mim, e trinta, uma boa parte por Mim. No Meu Reino também existem três Céus; não são regiões externas, mas esferas dentro da própria alma. O primeiro Céu é o da Sabedoria; existem muitos que buscam o Reino de Deus, mas sem se interessarem pela Sua Pessoa; poderão atingir um certo grau de bem-aventurança, nunca um convívio Pessoal Comigo! No Além, sentir-se-ão qual velho soldado romano que lutou, deu a vida por César, (o mundo). No final, recebe de César uma velha quinta para morar; estará isento de tributos, mas terá que trabalhar pela subsistência!”
O reconhecimento da Divindade de Jesus é condição básica para o Verdadeiro Amor a Deus. Quando reconhecemos ser Ele evidentemente mais do que um Simples Homem, bom e compreensivo, o nosso coração humilde se prosternará diante D’Ele, e por esta justa humildade, encontraremos a razão viva do Nosso Deus e Criador. Diz Jesus: “Quem não Me reconhecer como Deus não poderá amar-Me de todo coração.” O Céu da Sabedoria não é a Vida em Abundância porque esta, só existe no Pai. – “O segundo Céu, ou da Graça, ou Céu Central, é conferido àqueles que crêem conforme foram ensinados, mas ai de quem ensina erroneamente. No Céu da Graça as almas terão mais facilidade de retornarem à origem da Verdade, e se admiram como se deixaram enganar tão facilmente”. – Mas será justo retirar de quem possui tão pouco para acrescentar a quem tem com abundância? Materialmente falando seria algo escandaloso, mas Suas Palavras não atingem à carne, e sim ao espírito. – Imaginemos um homem, proprietário de dois terrenos, ambos recebem o mesmo Sol, a mesma chuva, e cuidados especiais. Um, produz frutos abundantes, o outro, esparsos. O proprietário, no afã de colher frutos em ambos, volta-se mais cuidadosamente para o terreno estéril, que indiferente, nada produz. No próximo ano, o mesmo não receberá novos grãos, pelo contrário, o pouco que tem, ser-lhe-á retirado, e depositado no solo fértil. Se um homem desta Terra age desta forma, por que deveria o Pai agir menos inteligentemente? Então lancemos fora a idéia de que Deus possa ser injusto. – “Vós, meus Discípulos, agireis com injustiça retirando toda a confiança do Templo, para entregá-la a Mim, se por várias vezes provei por Palavras e Fatos ser Justo e Fiel?” O terceiro e mais elevado Céu é o do Amor e Vida, onde Eu Sou Tudo em tudo e com todos, é o convívio direto entre Pai e filho.
Meus irmãos, quando a nossa alma, atinge um certo grau de maturação, o espírito a penetra, conferindo-nos à Sua Imagem e Semelhança. Mas tudo é Graça e Misericórdia, que podem Se transformar em Bênção ou Condenação. Paulo viveu esse problema espiritual. “A fim de que eu não me vangloriasse”, diz o Apóstolo dos gentios, “da Graça Imensurável que me fora conferida às portas de Damasco, foi-me dado um espinho na carne!” Que espinho seria esse? Eram as constantes chamadas à carne, “para que eu me entregasse às suas exigências. Era como se eu estivesse sendo golpeado por punhos de ferro.” Vendo a sua incapacidade, Paulo suplica três vezes que Eu o libertasse: “Minha Graça te basta pois a Minha Força só Se manifesta no fraco”. “Ah, se é assim, então vou vangloriar-me das minhas fraquezas, aflições, perseguições e receios, pois tudo posso N’Aquele que me fortalece!” Jó, também diz: “Nada mais fácil do que nos orgulharmos de uma missão sublime, julgando-nos merecedores.”
Certa feita, um jovem vivendo sob forte domínio do amor carnal, o Patriarca Enoch levanta sua mão direita e diz: – “Ouve, espírito mudo da carne, como ousas prender um homem temente a Deus?! Ordeno-te, pelo Poder do Senhor, que te cales!” Sentindo-se liberto de tão vil paixão, aquele jovem diz: – “Como me fora possível amar mais intensamente uma mulher do que a Ti? Tu, que és Meu Deus e Senhor! Meu coração volta à calma e serenidade!” – Se o homem se equilibra no amor a Deus, ele se equilibra em todos os demais sentimentos e afetos! Não pode ele viver apenas no espírito do amor, tornando-se uma fera voraz e insaciável! Tornar-se-á ele um sábio encontrando o equilíbrio nas sete tendências que perfazem o Ser Básico de Deus! Amor, Sabedoria, Vontade, Ordem, Rigor, Paciência e Humildade, sendo a Ordem o Fiel da Balança! A luta pelo equilíbrio dessas Sete Tendências, ou Espíritos Divinos, os sábios da antiguidade denominam de “Guerras de Jeovah” – Amém!
Fraternalmente,
Thalízia dos Reis