A figura de Jesus Cristo tem sido apresentada pelos artistas, através dos tempos, das mais variadas maneiras, isto é, o tipo físico e o semblante do Redentor nos são mostrados de maneira diversa. O Mestre ora é loiro, ora de cabelos castanhos, e não raro de cabelos negros. Outras vezes seus cabelos são acentuadamente crespos, ou simplesmente ondulados. Há pintores e desenhistas que O mostram ostentando cabelos extremamente lisos. As discordâncias dos artistas se revelam na cor dos olhos de Jesus Cristo, que são azuis, muitas vezes castanhos, e outros afirmam serem pretos. E assim é também no comprimento dos cabelos, da barba e da compleição física do Salvador, que na maioria das vezes é apresentada esquelética e fraca, havendo artistas que o apresentam robusto e forte. E a confusão das concepções pessoais dos artistas em relação a Jesus Cristo parece integral, ninguém sabendo ao certo como teria sido realmente a figura do Filho de Deus.
Documento
Não faz muito tempo foi revelado existir na Biblioteca do Vaticano um documento a respeito de Jesus Cristo, que, dada a sua singularidade, irá pôr termo com a sua divulgação a essa discordância artística. Esse documento outra coisa não é senão uma carta dirigida ao Senado Romano do tempo de Tibério, firmada por Publius Lentulus, pró-consul romano e ao que se supõe predecessor de Pôncio Pilatos na Judeia. A missiva traça o perfil do Messias. Com a sua descrição, não ignorada nos tempos antigos, Publius Lentulus inspirou a iconografia cristã, à exceção de alguns pintores espanhóis e de Morelli em seu Cristo Moribundo. Assim parece que os retratos de Jesus, realmente inspirados no perfil que d'Ele traçou o pró-consul romano, são efetivamente os mais fiéis, ou pelo menos os que mais se aproximam da verdadeira figura do Mestre.
Perfil
Vale a pena assim, como consequência, conhecer esse perfil de Jesus Cristo, traçado de maneira e sem intenção outra do que ser fiel na sua descrição, pelo pró-consul Publius Lentulus. O texto da carta do nobre romano é o seguinte: “APARECEU E VIVE estes dias por aqui um homem de singular virtude, que seus companheiros chamam Filho de Deus. Cura os enfermos e ressuscita os mortos. É belo de figura e atrai os olhares. Seu rosto inspira amor e temor ao mesmo tempo. Seus cabelos são compridos e louros, lisos até as orelhas, e das orelhas para baixo crescem crespos anelados. Divide-os ao meio uma risca e chegam-lhes aos ombros segundo o costume da gente de Nazareth. As faces cobrem de leve rubor. O nariz é bem contornado, e a barba crescida, um pouco mais escura do que os cabelos, dividida em duas pontas. Seu olhar revela sabedoria e candura. Tem olhos azuis com reflexos de várias cores. Este homem amável ao conversar torna-se terrível ao fazer qualquer repreensão. Mas mesmo assim sente-se nele um sentimento de segurança e serenidade. Ninguém nunca o viu rir. Muitos no entanto o têm visto chorar. É de estatura normal, corpo ereto, mãos e braços tão belos que é um prazer contemplá-los. Sua voz é grave. Fala pouco. É modesto. É belo quanto um homem pode ser belo. Chamam-lhe JESUS, FILHO DE MARIA."
Fidelidade
Muitos pintores, escritores e desenhistas, como se observa, procuraram ser fiéis à imagem física de Jesus Cristo. Outros, porém, procuraram dar a ela uma interpretação talvez mais rigorosa de acordo com as suas concepções pessoais, daí resultando os diversos tipos físicos do Salvador. Seja como for, o retrato que d'Ele deu Publius Lentulus parece ser rigorosamente fiel e correto, CORRESPONDENDO AO MENOS À IMAGEM QUE A MAIORIA DE NÓS COM TERNURA DELE FAZEMOS.